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Benvindo, não lhes perdoes, pois eles sabem o que não fazem

À hora prevista, dirigi-me ao teatro e, no exterior, no hall e depois na sala, estava quase ninguém… Somente quatro lugares da plateia ocupados.

No dia 13 de outubro, segunda-feira, vivemos o rescaldo do longo dia e noite das eleições autárquicas. Anunciava-se para esse dia a exibição, no Teatro Miguel Franco, em Leiria, do documentário “Benvindo … A Vida”, com a presença do próprio bailarino e coreógrafo Benvindo Fonseca.

Indicando tratar-se de sessão apoiada pela DGArtes/RTCP, lia-se na sinopse: “Benvindo Fonseca, nascido em 1964 em Moçambique, é um renomado bailarino e coreógrafo. Após estudar no Conservatório Nacional de Lisboa, tornou-se no primeiro bailarino do Ballet Gulbenkian. No auge da carreira, enfrentou uma grave lesão e lutou contra o abuso de drogas e álcool, episódio que Benvindo relata de forma muito subtil e delicada durante o filme. Com apoio familiar e motivado pela arte, superou os desafios e tornou-se numa referência mundial na dança. ‘Benvindo… A Vida!’ é um documentário que narra a sua jornada de resiliência e transformação, mostrando o poder da dança em inspirar e impactar a sociedade”.

Partilhei com entusiasmo, entre aqueles com que me cruzei, tratar-se de uma oportunidade única, em especial para alunos e professores das escolas de dança do concelho e até da região. Não apenas poder visionar o documentário, mas acima de tudo ter a possibilidade de conhecer o maravilhoso protagonista – que não era um ator num filme, mas antes o bailarino e coreógrafo Benvindo Fonseca, que iria estar connosco nessa noite, ao vivo e ao nosso alcance.

À hora prevista, dirigi-me ao teatro e, no exterior, no hall e depois na sala, estava quase ninguém… Somente quatro lugares da plateia ocupados.

Antes, durante e após o espetáculo – que integrou uma breve e impressionante performance de Benvindo e a sua disponibilidade no final para falar com o público -, no teatro estiveram somente o maravilhoso Benvindo Fonseca, a representante da produtora que o acompanhava e os quatro elementos do público (de idades bem adultas), entre os quais uma renomada bailarina e coreógrafa da nossa cidade, que há anos pode espantar o horizonte da dança mais longe.

Senti-me envergonhada, por mim e pelos que deviam a todos representar Leiria – que, de paixão afirmada, não conseguem agir em nome dos que os elegeram para ali, por nós, agradecer e retribuir com a mínima dignidade a oportunidade que desoladamente ficou desperdiçada!

Senhores autarcas eleitos, senhores membros do Conselho de Administração da empresa municipal Teatro José Lúcio da Silva, E.M., quais os motivos para não terem estado presentes, não se terem feito representar e nem terem divulgado esta valiosa oportunidade a professores e alunos das escolas de dança e dos vários estabelecimentos de ensino do nosso concelho (e quiçá distribuir bilhetes gratuitos, para proporcionar uma merecidíssima sala cheia)?!

Não consigo deter a minha estupefação, o meu desânimo (que chega a ser vergonha alheia) e daí não poder calar…

Benvindo, não lhes perdoes, pois eles sabem o que não fazem!

Anabela Ricardo, Leiria

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