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Mais de 10 milhões de euros dão nova vida ao Edifício Comendador

O edifício onde funcionou o Grémio Literário e Recreativo de Leiria está a ser reabilitado. Miguel Saraiva, o arquiteto responsável pelo projeto de reabilitação, afirma estar a fazer uma “intervenção silenciosa” no desenho original de Camilo Korrodi.

Avelino Gaspar está habituado a desafios, mas este “superou aquilo que era expectável”. Afirmou-o durante a conferência sobre “Reabilitação Urbana”, organizada pelo REGIÃO DE LEIRIA, no passado dia 17 de julho. O encontro decorreu no Edifício Comendador de que Avelino Gaspar é proprietário e, por conseguinte, promotor da revitalização do espaço. Era a esse desafio que o empresário se referia e que, como disse, superou as suas expectativas, “apesar de todos os cuidados no estudo do projeto e nos diagnósticos”.
Desenhado por Camilo Korrodi, por volta de 1940, aquela que foi a casa do Grémio Literário e Recreativo de Leiria é, neste momento, uma das obras de reabilitação urbana de maior relevância em Leiria. O comendador Avelino Gaspar sabia o que tinha em mãos. “É um edifício de referência, de excelência, a começar logo pela sua localização”, referiu.
Consciente disso, foi em busca do “melhor gabinete de arquitetos e de engenheiros para estudarem a situação em que o edifício se encontrava”. “Foi uma fase grande de diagnóstico, de ver o estado das fundações, das estruturas”, explicou. Depois, “a adjudicação da obra de reabilitação foi entregue a uma empresa de muita confiança, que está a trabalhar muito bem, e que nos garante que vai cumprir os prazos que estão acordados”. Isso significa que a vertente virada à rua Comandante Almeida Henriques ficará concluída já no final de agosto e a outra, na rua Machado dos Santos, terminará no final de setembro.
Avelino Gaspar contou que “onde se gastou mais tempo foi no suporte das estruturas, foi em tudo o que é necessário para estabilizar o edifício”. Agora, a fase é de acabamentos e “dentro de dois meses estará tudo. Esperamos no último trimestre do ano já termos pessoas a residir aqui”.

Uma obra “para nos dignificar”

Do ponto de vista da comercialização dos espaços, “para já o balanço é muito positivo”, garantiu. De um total de 22 apartamentos, cerca de metade já se encontra vendida e para habitação permanente. “Nesse aspeto estamos muito contentes”, afirmou o empresário. Porém, um investimento que se situa acima dos 10 milhões de euros, “não será naturalmente para ganhar muito dinheiro, mas é suficiente para nos dignificar e para que as pessoas que venham viver para aqui possam comprovar que realmente valeu a pena investir neste imóvel”, confessou. Está de resto expressa a vontade de deixar “uma marca arquitetónica na cidade que assenta na qualidade e na excelência”, naquele que é o mote promocional do edifício: “A arte de bem viver – o condomínio de excelência na cidade de Leiria”.
Se o suporte e as estruturas do edifício foram o que tomou mais tempo, outros aspetos do edifício tomaram especial atenção. A recuperação demonstra respeito por “um edifício único, sem igual aqui em Leiria”, salientou Avelino Gaspar. Respeito “pelas suas origens, pela sua história” e pelas particularidades do próprio espaço: “a começar nos pés direitos, as divisões muito generosas, as janelas, as vistas, com muitas entradas de luz, as varandas, os grandes terraços”.

“É preciso coragem”

A garantia de que foram preservados todos os elementos arquitetónicos com valor histórico é dada pelo promotor e pelo próprio arquiteto responsável pelo projeto, Miguel Saraiva. “Este edifício tem uma característica única, tem um belíssimo desenho do arquiteto Camilo Korrodi e, por isso, a minha intervenção teve que ser uma intervenção silenciosa”, disse ao REGIÃO DE LEIRIA.

A sustentabilidade ambiental do edifício foi também uma preocupação. “Foram escolhidos os melhores materiais e os que garantissem os melhores resultados em termos ambientais e energéticos”, refere um dos elementos da equipa do promotor, apontando alguns exemplos como a caixilharia em alumínio de elevada qualidade, os revestimentos cerâmicos, os sistemas de blackouts embutidos e elétricos e os carregadores para viaturas elétricas.
Presente na conferência do REGIÃO DE LEIRIA, Raul Castro sublinhou que o Edifício Comendador “é um bom exemplo de reabilitação”. Felicitou Avelino Gaspar pela iniciativa, afirmando que “precisamos também de bons exemplos para que todos os outros possam replicar”.
Ana Paula Batista, vogal suplente do conselho diretivo nacional da Ordem dos Arquitetos, manifestou-se surpreendida com a obra que encontrou. Presente pela segunda vez numa conferência organizada pelo REGIÃO DE LEIRIA sobre o tema da “Reabilitação Urbana”, Ana Paula Batista salientou que “é preciso coragem” para recuperar edifícios como o Comendador ou a Moagem. Felicitou a autarquia, o promotor e teceu ainda elogios ao arquiteto: “é preciso algum tato para intervir no património destes, quase com pincéis, mas quase sem se perceber que existe uma intervenção nova, e isso é importante”.

 

FICHA TÉCNICA DO EDIFÍCIO

Promotor: Meigal Construção e Administração de Propriedades, SA
Projetista: Saraiva & Associados, SA
Empreiteiro: Edinorte – Edificações Nortenhas, SA
Tipologia dos espaços: 22 apartamentos T1, T2, T3 e T4, de 68 a 270 m2; 2 lojas, de 290 a 475 m2
Estacionamento: todos os apartamentos possuem arrecadação e lugares de estacionamento em parqueamento; carregadores para viaturas elétricas.

Texto publicado na revista “Reabilitação Urbana”, publicada com a edição de 25 de julho de 2019 do REGIÃO DE LEIRIA.

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