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Saúde

Hospital de Leiria reforçou Ortopedia com um especialista em seis anos

Governante reconhece que as administrações hospitalares têm de oferecer projetos atrativos para reter médicos.

Hospital de Leiria

O secretário de Estado da Saúde disse hoje à Lusa que, desde 2015, só entrou no hospital de Leiria mais um especialista na área da Ortopedia, num total de 86 médicos em todo o país.

“A Ortopedia é uma área que tem vindo, não só em Leiria, mas a nível nacional, a manifestar algumas dificuldades. Hoje temos mais 86 médicos especialistas em Ortopedia do que a 31 de dezembro de 2015, sendo que, de facto, no hospital de Leiria só temos mais um ortopedista do que na altura. Conheço muito bem o problema, portanto, vamos fazer um esforço por abrir vagas durante a época de novembro/dezembro”, revelou António Sales, quando confrontado com a falta de médicos no Centro Hospitalar de Leiria (CHL).

A tutela tem disponibilizado vagas para a contratação de médicos no CHL, mas os lugares a concurso raramente são totalmente preenchidos. O governante reconhece que as administrações hospitalares têm de oferecer projetos atrativos para reter médicos.

“Ao Estado central cabe criar os meios, criar condições e regulamentar. Aos conselhos de administração cabe implementar as determinações da tutela. Temos de oferecer projetos de carreira, projetos de investigação, serviços atrativos com patologias bem diferenciadas apelativas, onde os colegas possam ter atratividade. Passa por um conjunto de meios que devem ser criados, não só do ponto de vista remuneratório, mas em termos de projetos e de carreiras”, explicou.

O secretário de Estado reforçou que o Governo reconhece a importância de oferecer projetos de carreira, pelo que “ainda na semana passada” foram abertos “concursos para consultores” e está a ser feita a “distribuição das vagas para assistentes graduados seniores, algo que é fundamental para a formação, porque sem assistentes graduados seniores não se pode fazer formação”.

“Relativamente a Leiria, desde dezembro de 2015 a 31 de agosto de 2021, o Centro Hospitalar de Leiria viu os seus recursos humanos crescer em mais de 400, mais concretamente 402, mais 21% desde o final de 2015, dos quais se destacam os mais 49 médicos especialistas” revelou António Sales.

Segundo o governante, “numa das áreas fundamentais, que é a medicina interna, são mais 12 especialistas face à mesma data”.

O presidente da Secção Regional do Centro da Ordem dos Médicos denunciou, na quinta-feira, a falta de mais de 50 especialistas nas áreas da Ortopedia, Cirurgia, Medicina Interna e Ginecologia/Obstetrícia, com impacto no serviço de urgências do Centro Hospitalar de Leiria.

Numa visita ao hospital de Leiria, Carlos Cortes pediu à ministra da Saúde “para que seja honesta e transparente na avaliação que faz de alguns hospitais que têm dificuldades”, pois “sabe muito bem como é que tem de fazer para se poderem contratar mais médicos para este hospital”.

Ordem dos Médicos é quem define vagas para a formação da especialidade, diz Secretário de Estado

O secretário de Estado da Saúde disse também que é a Ordem dos Médicos quem define as vagas para a formação de especialistas e que aquelas ficam aquém das necessidades das instituições de saúde.

“A Ordem [dos Médicos], de facto, tem feito um esforço por se aproximar daquilo que são as necessidades, neste momento. Mas se compararmos aquilo que são as vagas que são pedidas pelas instituições e aquilo que são as idoneidades específicas formativas que são dadas pelas ordens, desde sempre existiu um diferencial”, revelou António Sales (PS).

Segundo o secretário de Estado da Saúde, a Ordem atribuiu sempre “idoneidades formativas inferiores àquelas que os serviços reportavam como as suas capacidades formativas”.

Reconhecendo que a “Ordem tem feito um esforço por se aproximar dessas necessidades formativas que os serviços lhes reportam”, António Sales salientou que, para formar mais especialistas, tem de existir um “esforço convergente de capacidades formativas dos serviços, de reconhecimento dessas capacidades formativas dos serviços por parte da Ordem dos Médicos e, obviamente, também do Governo depois na atribuição dessas vagas, como tem acontecido”.

“Por isso relembro que, este ano, abrimos o maior número de vagas de sempre desde 2009. É neste esforço convergente que temos todos que, através de uma planificação a médio e longo prazo, criar condições para que as futuras gerações de médicos se possam reter nos serviços das diferentes instituições de saúde”, reforçou o governante.

O secretário de Estado acrescentou que o papel das ordens é necessário “para este esforço que tem de ser um esforço coletivo, não pode ser só um esforço do Governo”.

António Sales falava à Lusa quando confrontado com a falta de médicos no Serviço de Urgência Geral do hospital de Santo André, unidade do Centro Hospitalar de Leiria, referindo que este é um problema nacional.

“Este é um problema que tem décadas. Se olharmos para as entradas nas faculdades de Medicina e se olharmos para o número total de estudantes de Medicina durante as décadas de 80 e 90, conseguimos perceber o problema da dificuldade de recursos humanos e também da demografia médica existente atualmente”, adiantou.

O governante recordou que os médicos que “têm mais de 55 anos podem, por lei, não fazer serviço de urgência” e “esse, de facto, tem sido uma grande dificuldade a nível nacional e não só em Leiria”.

Garantindo que o Ministério da Saúde “está muito atento a todas as situações que tenham a ver com recursos humanos e com défices de recursos humanos”, António Sales afirmou que, desde 2015, o Serviço Nacional de Saúde foi reforçado com o “recrutamento de profissionais de saúde em mais de 29 mil profissionais”.

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