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Sociedade

Norte do distrito: O Zêzere a que temos direito

Numa viagem onde o rio Zêzere se entrelaça com a história, a natureza e o deslumbramento, deixamos uma proposta para calçar as botas, encher a mochila e partir em busca das margens mais selvagens e deslumbrantes do interior norte do distrito de Leiria.

O rio Zêzere tem uma história e personalidade própria e não pode ser visto meramente como um afluente do Tejo. Vindo da serra da Estrela, passa no distrito de Leiria, que o recebe nas suas margens sob várias vertentes, seja em zonas montanhosas, com paisagens naturais de grande beleza, e em alguns locais, entre formações rochosas e ribeiras afluentes.

Esta forte presença de rios e ribeiras de montanha cria zonas naturais e pequenas praias fluviais aqui e ali. Em alguns pontos, há caminhos pedestres, pontes históricas de pedra e miradouros que oferecem vistas de tirar a respiração sobre o rio.

Para o convidar a embarcar nesta viagem, o REGIÃO DE LEIRIA muniu-se de calçado confortável, mochila às costas, protetor solar e alguma água, para lhe apresentar um roteiro único, mas com alguns desafios.
Em certas zonas os acessos não são para todos os veículos, privilegia-se a caminhada, com todas as condicionantes que isso acarreta, e sim, há algum pó no ar.

O ponto de partida é numa zona única do Zêzere que reúne três distritos: Leiria, Castelo Branco e Santarém. Alguns dos emigrantes e viajantes que nos leem podem (re)conhecer aquele aeroporto que é dividido entre Basel (Suíça), Freiburg (Alemanha) e Mulhouse (França), o EuroAirport – pois bem, a inspiração foi essa, fica a confissão.

Com o fim das portagens nas autoestradas do interior, nomeadamente na A13, o que provocou um aumento imediato de tráfego na ordem dos 50% nos primeiros três meses de 2025, o custo já não pode ser uma desculpa. O Zêzere está, definitivamente, mais perto.

A partir de Leiria, indo pelo IC9 até Tomar, é por aí que apanha a estrada até Casalinho de Santa Ana. É de aproveitar, pois no espaço de uma hora é possível chegar às margens do rio que nasce na serra da Estrela, a cerca de 1.900 metros de altitude.

Na A13, apanha a saída 22 em direção a Beco e Senhora da Orada e, em breves momentos, chega ao concelho de Alvaiázere. Quando vir a placa Casalinho de Santa Ana, vira à direita, e um pouco mais à frente já está no concelho de Figueiró dos Vinhos e a 4 km do destino. Não deixa de ser interessante passar entre concelhos num espaço de poucos minutos. Fica a curiosidade.

Foz de Alge

É num delta do Zêzere onde se triangulam os distritos de Leiria, Santarém e Castelo Branco. Não há nenhum misticismo nisto, mas lá que é um belo ponto de partida, lá isso é. E a zona envolvente é lindíssima, ótima para refrescar e pescar. Dali apontamos para a Foz de Alge.

Pelo caminho, na localidade de Valbom, ao longo da margem na Estrada do rio de Valbom, podem apreciar-se belas moradias, discretas, mas com uma vista invejável. Aqui e ali já se encontra algum alojamento local, bem enquadrado, sem atropelos à paisagem ou acesso barrado ao rio.

O parque de campismo na Foz de Alge (Figueiró dos Vinhos) é um excelente ponto para retemperar energias, já que o equipamento bar/restaurante também se encontra disponível para visitantes. É o segundo ponto de paragem escolhido.

Uns metros abaixo do parque encontra-se a zona de banhos, cuidada, bonita e convidativa. O Zêzere no seu esplendor.

Se não estiver em serviço, pode ver um barco, com capacidade para 16 passageiros (12,50 euros por pessoa) atracado na margem. É um programa a ter em conta e a rota mais instagramável que vai encontrar por ali. No parque disponibilizam todas as informações (ou através do +351 916 675 555 (WhatsApp)).

E se precisar de um barco maior, também há solução e solicita-se um, vem de Dornes.

Quando o REGIÃO DE LEIRIA passou por aqui, no início do verão, um grupo de jovens, de férias, debatia-se com um “problema”: a falta de rede. Sim, este é um local de descanso, na aceção total do termo, mas as comunicações estão, naturalmente, asseguradas. É a ânsia da juventude – dependente das redes sociais – que pode causar momentâneos pontos de tensão. Nada que a paisagem não ajude a ultrapassar.

Este é um roteiro que pode ser feito num dia ou em vários, conforme a disponibilidade e desejo.

O parque de campismo na Foz de Alge é um excelente ponto para retemperar energias

A Foz de Alge propriamente dita proporciona mais vistas de encher o olho. A junção das águas do rio Zêzere e da ribeira de Alge – que nasce na serra da Lousã e atravessa a freguesia de Maçãs de Dona Maria (Alvaiázere) ou as Fragas de São Simão (Figueiró dos Vinhos) ao pé dos seus passadiços – são outras rotas que se podem fazer.

A nossa opção de paragem foi a albufeira da Bouçã, com passagem pela sede de concelho de Figueiró dos Vinhos, onde pode desfrutar das comodidades, gastronomia, festas (religiosas ou populares), entre outras. Escreva no seu GPS ou telemóvel Estação Intermodal da Bouçã (não confundir com a barragem com o mesmo nome que é noutro sítio) e siga as indicações. Estará no bom caminho se passar pela Várzea Redonda e Casal da Graça. Na Atalaia Cimeira (com as placas albufeira da Bouçã e parque de merendas), desça. É lá que continua a viagem.

Albufeira da Bouçã

O acesso ao curso de água não é fácil: quando acaba o alcatrão, está no caminho certo. A partir daqui entra em modo aventura. Para chegar a este pequeno paraíso, a solução aconselhada é mesmo ir a pé. Se insistir em ir de carro, um SUV alto, um todo-o-terreno ou um veículo de duas ou quatro rodas motocross são as opções indicadas. O caminho é irregular e íngreme. Estamos no meio da natureza, é de esperar trilhos assim, certo?

Chegados cá abaixo, mais um pedaço de natureza espera pelo visitante aventureiro. As vistas são as habitualmente sublimes, a água convida ao mergulho.

É fundamental ter em atenção que é uma área não vigiada. Apesar de convidar ao recolhimento espiritual, não faça isto a sós. Diga onde está ou leve companhia, partilhe estas alegrias com pessoas amigas. Sempre fazem companhia, vigiam e, no limite, ajudam-se uns aos outros. Os trilhos existem, mas é preciso ter um respeito enorme pela “Mãe Natureza”. Nunca deve subestimar os eventuais perigos.

A zona tem uma área de merendas, ideal para retemperar energia e diversas informações sobre a fauna, flora e direções de navegabilidade ao longo do rio. Um verdadeiro farol no meio da natureza.

A última parte deste passeio leva-o aos passadiços do Penedo Granada, em Pedrógão Grande.

Regresse à estrada e siga no IC8 para Pedrógão Grande, até à saída 25, em direção à mítica Estrada Nacional nº2 (EN2), onde também encontra a barragem do Cabril. Faça a estrada 350 até à rotunda, depois do posto de combustível, e vire à direita em direção a Pedrógão Pequeno.

Parabéns, está na EN2! É uma estrada que atravessa Portugal de norte a sul pelo interior do país e que tem a sua rota própria, uma legião de fãs cada vez maior e que pode explorar mais tarde, numa próxima aventura. Vire à direita para a Nossa Senhora dos Milagres, vá até ao fundo da estrada pare junto à serração. O caminho encontra-se à direita, ao fundo, e depois à esquerda, mas aqui a pé.

Penedo Granada

“É outro mundo aonde o tempo parou”, como na canção dos Rádio Macau.

Confirme se tem mantimentos, talvez uma barra energética e água. Está prestes a entrar num mundo mágico. Era o sítio de eleição do monge Frei Luís de Granada, que aí se refugiava para meditar, e percebe-se porquê. Pessoa sábia, subia a um penedo e contemplava os mistérios da vida.

O passadiço foi construído em torno das escarpas do Penedo Granada sendo um ponto privilegiado para contemplar a paisagem do Cabril. No sopé do monte de Nossa Senhora dos Milagres, na zona de junção da ribeira de Pera com o Zêzere, o percurso tem uma extensão de 1,5 km, o declive é acentuado e é para ser feito com tempo.

Para além de ter a oportunidade de descansar pelo caminho, sobretudo à vinda, é convidado a contemplar um dos mais belos destinos turísticos do concelho de Pedrógão Grande. Se fizer este caminho num dia de calor, tenha algumas cautelas.

Acabe o passeio com um mergulho na praia fluvial do Cabril, ali a pouca distância e polo de atração das redondezas. É o final perfeito. O rio Zêzere revela uma beleza singular com paisagens deslumbrantes, praias fluviais, trilhos pedestres e miradouros de cortar a respiração.

Este roteiro mistura natureza, história e aventura e convida a descobrir o norte do distrito com os pés na água e os olhos no horizonte. Aproveite e bom passeio.


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