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Conta-me coisas…: Tutoria

Não me parece uma infelicidade grande que sejamos acompanhados num caminho tendente a uma normalização das contas públicas e das decisões políticas estratégicas nos próximos anos.

Carlos-silva
Carlos Silva, diretor do ISLA carlos.silva@unisla.pt

Não me parece uma infelicidade grande que sejamos acompanhados num caminho tendente a uma normalização das contas públicas e das decisões políticas estratégicas nos próximos anos. Parece-me sim de uma grande infelicidade todo o conjunto de deslizes acentuados, fortes, permanentes e recorrentes que fomos experimentando nas últimas décadas. Uns premeditados e outros consentidos. Tudo nos conduziu ao ponto a que chegámos. E maior infelicidade é a de que nenhuma garantia tenhamos que, breve, não caiamos em nova tentação. Por isso defendo alguma cautela. Diz o povo que a carne é fraca. Pois eu digo que o ciclo político é sempre curto. A tentação para a obra de regime é, ela mesma, tentadora. Não desejamos mais esta austeridade e eu não anseio qualquer outra ao nosso país. E acima de tudo ao nosso povo. Mas também não aspiramos a soluções ilusórias. Não queremos o mesmo bolo mas apresentado com cobertura de sabor diferente. Aliás, não nos deem cobertura alguma. Trabalhemos para fortalecer a nossa sustentabilidade e credibilidade. E que outros a percecionem e conheçam. Que conheçam o nosso saber fazer. Que conheçam o nosso empenho. Se o acompanhamento significar que teremos um futuro melhor não é vergonha nenhuma. Vergonha é, premeditadamente, voltar a consentir em cair e clamar aos quatro ventos que estamos firmes e em pé.

(texto publicado na edição de 20 de março de 2014)