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Corta-relvas: A Polis não é uma criança

…ao completar seis anos em Leiria, o programa Polis (inaugurado a 28 de Agosto de 2007), deixa parte dos seus 40 milhões de euros de investimento por mãos alheias.

João Pombeiro, jornalista e editor-executivo da revista LER pombeiro@gmail.com

Sempre que regresso a Leiria, o que felizmente acontece todos os meses, sobretudo ao fim-de-semana, lá vem ela, de fininho – essa tentação de passear com a família nas margens do rio Lis, respeitando o circuito de manutenção de mais de sete quilómetros desenhado pelo programa Polis. Tentação transformada excepcionalmente em acção quando consigo derrotar a preguiça ou adiar o trabalho que se arrasta para sábados e domingos. Isto pouco importa ao leitor, mas serve-me para sublinhar o trabalho do jornalista Carlos Ferreira publicado na edição de 4 de Julho da REGIÃO DE LEIRIA, exemplo de serviço público a merecer atenção (permanente) dos responsáveis políticos.

Pois bem, segundo percebi, ao completar seis anos em Leiria, o programa Polis (inaugurado a 28 de Agosto de 2007), deixa parte dos seus 40 milhões de euros de investimento por mãos alheias. Nem a proximidade das eleições parece atenuar o prejuízo, listado com detalhe por Carlos Ferreira: 130 candeeiros partidos, avariados ou com lâmpadas fundidas; 18 caixotes do lixo sem tampa; 7 placas de informação sem informação; 12 projectores em falta; rega «inoperacional»; falta de manutenção do sistema eléctrico e de iluminação; bancos de jardim incompletos; bares desocupados e vandalizados – e não acaba aqui.

O cenário servido em dupla página pelo REGIÃO DE LEIRIA incomoda qualquer (e)leitor. A resposta da autarquia – «irá proceder a intervenções de segurança» nos bares»; o sistema de rega «foi diversas vezes alvo de intervenção» após «actos de vandalismo»; até apresentou queixa na PSP em Junho por furto e destruição de luminárias –, por muito bem intencionada, é insuficiente, pois deixa de fora muitos dos problemas apontados. «Desde o cimento estalado nos corrimões das escadas da ponte da avenida D. João III, até aos estragos causados pela intempérie de Março, próximo da ponte Euro 2004», escreve Carlos Ferreira, «passando pela vedação de madeira destruída junto ao ginásio de manutenção, e dezenas de pedras partidas ou em falta, nas escadas e muros do jardim de Santo Agostinho e no parque da Fonte Quente, há muito trabalho a fazer. E urgente. Para evitar que a degradação tome conta de um dos espaços preferidos dos leirienses.» Assino por baixo. Até porque me apetece vencer a preguiça, e o trabalho, por agora, acaba religiosamente à sexta-feira.

Escrito de acordo com a antiga ortografia

(texto publicado na edição de 18 de julho de 2013)