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Crónica irregular: Barbaridades

O drama Bárba­ra-Carrilho… Seria difícil eleger outro tema para dramatizar em consciência (na minha, a de meia esposa, meia psicóloga), dado todo o circo mediático.

Andreia-Azevedo
Andreia Azevedo, psicóloga clínica e investigadora na área da Depressão andreia.azevedo81@gmail.com

O drama Bárba­ra-Carrilho… Seria difícil eleger outro tema para dramatizar em consciência (na minha, a de meia esposa, meia psicóloga), dado todo o circo mediático. As contínuas revelações de que este homem era “violento”, e/ou de que esta mulher afinal é “louca” e “alcoólica” são um espelho do muito que se passa nas nossas relações… é normal que, após a difícil tomada de decisão de romper com uma relação conjugal, a mente precise de se munir de todos os argumentos possíveis para minimizar a dor e reduzir a consciência de que se pode estar a fazer algo do qual nos possamos arrepender. Isto é dramático, mas é real e universal! Todos (ou quase todos) funcionamos assim (menos eu, que sou psicóloga, e toda a gente sabe que os psicólogos funcionam lindamente em todas as áreas da sua vida!). Daí que me seja muito difícil entender (e refiro-me aquela parte de mim que é esposa) o choque, a admiração e o horror com que se tecem comentários acerca desta novela! Ora bem, o drama eu até entendo, não entendo é o circo! Calma lá, senhores, porque não sabemos efetivamente quem é o quê ou fez o quê a quem… A única coisa da qual de facto podemos desconfiar é que estes filhos devem estar num sofrimento atroz… Alguém que advirta todos, incluindo os próprios e a comunicação social, que a contenção e a discrição vão, nesta fase, respeitar realmente o superior interesse destas crianças.

(texto publicado na edição de 7 de novembro de 2013)