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Crónica irregular: Férias em Família

Chegaram as férias e, com elas, a ausência de compromissos urgentes, o acordar a tempo de almoço, as sestas à tarde e as passeatas à noite.

Andreia Azevedo, psicóloga clínica e investigadora na área da Depressãoandreia.azevedo81@gmail.com
Andreia Azevedo, psicóloga clínica e investigadora na área da Depressão andreia.azevedo81@gmail.com

Chegaram as férias e, com elas, a ausência de compromissos urgentes, o acordar a tempo de almoço, as sestas à tarde e as passeatas à noite. Quem tem família, desde então que se apercebeu que férias poderão não significar necessariamente descanso ou ausência de afazeres urgentes. Fazer férias em família, particularmente com crianças, impõe aos dias e aos afazeres uma urgência paradoxal! Férias em família poderão significar acima de tudo uma grande oportunidade para reencontros, que se devem renovar em cada dia. Refiro-me ao reencontro com a disponibilidade, com a paciência, com o envolvimento nas brincadeiras, com o sorriso, com o olhar e com as reais necessidades dos filhos. Os filhos precisam (quase) tanto da atenção e disponibilidade dos pais como de alimento para sobreviver. Exigem, contudo, que essa disponibilidade seja regrada! As rotinas e horários habituais devem ser mantidos, de forma a minimizar birras e desobediências tóxicas, impostas pelo cansaço. Férias em família devem implicar ainda o reencon­tro com todos os sentidos e sensações que nos ligam à cara-metade e que, ano após ano, vão permitindo que a união sobreviva às intempéries da vida! E, ainda, o reencontro com o Eu, que frequentemente se dilui nas urgências e prazos que guiam o resto do ano… Bons reencontros!

(texto publicado na edição de 7 de agosto de 2014)