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Crónica irregular: Medo

A acreditar no “Larrouse”, medo será a perturbação sentida perante a exposição a qualquer tipo de perigo, real ou não.

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Clarisse Castelão, advogada

A acreditar no “Larrouse”, medo será a perturbação sentida perante a exposição a qualquer tipo de perigo, real ou não.

Esta sensação, este alerta que implica a crença numa ameaça pode constituir fator de sobrevivência porque nos leva à “Prudência “; mas também pode conduzir ao desespero, fracasso e aniquilamento.

O medo exacerbado transforma-se em fobia e compromete a relação individuo sociedade porque inibe, paralisa; torna-se grande inimigo porque impede o exercício livre e consciente da cidadania.

Enquanto cidadãos temos vindo a adquirir medos: da crise, da corrupção, dos discursos demagógicos formalmente certíssimos, da falta de justiça e equidade social, do atropelo das leis fundamentais, da falta de integridade, do falhanço da justiça, do beco sem saída, da falta de liderança, do desemprego, da falta de meios na doença ou na velhice, de ficar á mercê de decisões demagógicas, do futuro…

Creio que atualmente o perigo que nos cerca é real; e por isso que é tempo de reagir para que os medos não se transformem em fobia; que é tempo de utilizar este estado de alerta individual e coletivo, para exercer mais e melhor cidadania; que a voz do cidadão comum deve fazer-se ouvir serena, prudente e assertivamente para que os comandos da Troika, amigos e afins deixem de ser fatalidades que nos levam ao desespero.

(texto publicado na edição de 8 de agosto de 2013)