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Crónica irregular: Não, pelo menos para já

Para um imigrante português como eu, não foi fácil entender, à primeira vista, o porquê de a Escócia querer mudar um estado de coisas que parece tão estável, principalmente nos dias que correm.

Fernando Sá Pessoa, emigrante em Edimburgofernandosapessoa@hotmail.com
Fernando Sá Pessoa, emigrante em Edimburgo fernandosapessoa@hotmail.com

Para um imigrante português como eu, não foi fácil entender, à primeira vista, o porquê de a Escócia querer mudar um estado de coisas que parece tão estável, principalmente nos dias que correm.

Mesmo depois de me informar, as respostas às grandes perguntas quase sempre me chegaram em jeito de especulação. Depois da independência, que moeda passariam os escoceses a usar? A instabilidade enterraria o país em dívidas? Entrariam na UE ou ver-se-iam a braços com governos anti-separatis­mos? Etc, etc, etc. Questões como o financiamento do sistema nacional de saúde, por outro lado, elucida­ram-me sobre o porquê de quererem sair da alçada de uma união centrada em Londres.

Certo é que na madrugada da contagem de votos, nem as manifestações de apoio bascas e catalãs na rua serviram. Gritou-se e bebeu-se ainda mais em frente ao parlamento escocês quando se soube do “Sim” vindo de Dundee e de Glasgow. Mas no final ganharam os unionistas, que, como naquele sítio, quase não se viram nas ruas durante toda a campanha. “Fortes e silenciosos”, li no The Herald.

É impossível saber se terá sido o melhor resultado. Creio, porém, que a história está longe de ter chegado ao fim: o primeiro-ministro escocês já veio a público dizer que a independência se pode alcançar por outros meios que não o referendo.

(texto publicado na edição de 25 de setembro de 2014)