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Crónica Irregular: No Country For Old Men?

Desde os anos 60 que a natalidade em Portugal tem vindo a decrescer. Porquê?

Telma-curado
Telma Curado, revisora oficial de contas

Desde os anos 60 que a natalidade em Portugal tem vindo a decrescer. Porquê? As prioridades dos indivíduos foram mudando ao longo das ultimas décadas, as exigências laborais cresceram e o impacto económico de umas e de outras, ganhou relevância. Estamos mais egoístas. Fruto, também, de uma indústria de consumo, físico e emocional, que nós próprios criámos e fizemos questão de alimentar. Também porque interessava à economia. Porque nos interessava a nós. Causa e simultaneamente consequência, as bases tradicionais da sociedade também se alteraram. A definição de família ganhou um contorno diferente. Estamos em constante evolução, adaptamo-nos ao mundo que nos rodeia, somos flexíveis. Temos que ser. Mas o impacto destes aspetos no modelo económico tem preocupado os Estados. Isso é visível nas propostas fiscais e económicas de incentivo à natalidade, na tentativa de redefinição do modelo de sustentação da segurança social, no estudo dos movimentos migratórios. Propor, tentar, estudar, não chega. É necessário agir. Sobre as novas necessidades das empresas, sobre a necessária flexibilidade das relações laborais e familiares, sobre a viabilidade dos mais velhos continuarem a aportar experiência aos processos empresariais, sobre o que queremos do Estado e sobre a formalização dessas novas relações. O Estado tem que repensar o seu papel. Hoje. Já. E nós também.

(texto publicado na edição de 24 de julho de 2014)