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Crónica Irregular: O consensual

A história destas eleições europeias continua a ser escrita.

Carlos-ferreira
Carlos Ferreira, jornalista

A história destas eleições europeias continua a ser escrita. A procissão ainda vai no adro. Com (Santo) António à frente, mais ou menos seguro, mais adiante se saberá.

Historicamente, em Portugal, os partidos não gostam de perder eleições. É por isso que, analisadas e relidas as crónicas de todas as alas, tenho quase como certo que todos ganharam.

E não tenho a certeza absoluta, primeiro porque não me dou bem com absolutismos, e depois porque o PS, o partido que conseguiu mais votos e deputados, tem sócios que duvidam do resultado.

Ora, nesta circunstância, não sendo politólogo, e assumindo a arte da crónica com amadora humildade, defendo-me já com o único homem/partido consensual da noite eleitoral.

O vencedor foi Marinho Pinto, do MPT-Movimento Partido da Terra (7% dos votos). Elegeu-se e elegeu outro deputado. Ninguém esperava. Foi a surpresa. Sobretudo para quem teima em assobiar para o lado perante o povo votante, à procura de quem o realimente com as promessas perdidas – ou crie novas.

O antigo bastonário dos Advogados foi eleito com o ‘mesmo discurso’ que o conduziu à representação dos seus pares.

É um discurso que não suporta consensos. Porque está em contramão com o status político. Por isso, o consenso da noite eleitoral pode ser um mau presságio.

Querem ver que, afinal, Marinho Pinto perdeu?

(texto publicado na edição de 29 de maio de 2014)