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Ideia verosímil: Esta(re)mos hipotecados

A política económica é sempre discutível e pressupõe um arbítrio que resulta legitimado pelo voto.

Rui Melo Biscaia, diretor de marketing e comunicação r.biscaia@gmail.com

A política económica é sempre discutível e pressupõe um arbítrio que resulta legitimado pelo voto. Ainda assim esta última vaga de medidas, inusitadamente anunciadas, eleva a carga fiscal/previdencial para patamares insustentáveis.

Leio escrito e subscrevo que tem de existir alternativa melhor e menos equitativa – pois se o esforço de racionalização ao longo dos tempos não foi equitativo por que o terão de ser as medidas de austeridade?

Em jargão popular, dir-se-ia: “ou há moralidade ou comem todos”. Tentando objetivar esta máxima, diríamos que tendo a moralidade já sido descartada há muito pela classe dirigente, que comam os que mais precisam.

Num momento difícil como aquele que atravessamos, convém parar e não ceder à tentação de emprenhar pelos ouvidos, ao sabor dos diferentes géneros políticos que, com maior ou menor engenho, querem capitalizar na adversidade.

Sem esquecer o porquê e o caminho que nos levou a esta situação, há que avançar e aprender com os erros cometidos. É doloroso ver que se continua a priorizar a retórica e a discutir a espuma, ao mesmo tempo que o futuro continua adiado, pois o dolo impera e compensa.

A manter-se este princípio orientador, onde a impunidade assusta de tão ostensiva que é, esta(re)mos hipotecados. E as hipotecas, todos sabemos, vencem sempre.

(texto publicado a 21 de setembro de 2012)