Habituei-me a ouvir a expressão “zona de conforto” e a tê-la como inimiga. Imediatamente uma conotação negativa que assalta e me faz pensar em como serei capaz de transformar esse “conforto” em algo incómodo. À primeira vista poderá parecer contraditório este raciocínio. Porque é que alguém, no seu perfeito juízo, quererá afastar-se da comodidade?
Digo-o tendo por base o princípio de que se alguém se sente na sua “zona de conforto”, será um especialista no que quer que seja a que a expressão esteja a ser relacionada. Ora, sendo-se especialista, é-se conhecedor e, por definição, menos dado a poder ser surpreendido.
Poder ser confrontado com desafios novos, para os quais julgamos não estar preparados para responder é, a meu ver, essencial. O prazer não resulta da monotonia, nem mesmo se a ela estiver ligado um reconhecimento social. Deriva antes de estímulos novos e da capacidade de nos ultrapassarmos.
//= generate_google_analytics_campaign_link("leitores_frequentes_24m") ?>Assim que, fugir da “zona de conforto” é assumir a necessidade de apreender algo de novo de forma incessante. Seja na relação que mantemos ou combatendo a segurança de um trabalho monótono. Em suma, é verosímil pensar que quanto mais desconfortáveis nos sentirmos, melhor tenderemos a ficar, no sentido em que mais esforço colocaremos na execução da tarefa.
(texto publicado na edição em papel de 20 de julho de 2012)