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Identidade e território: O homem que plantava árvores

Os livros são, para mim, uma fonte de inspiração e conhecimento. Isto além das viagens, claro.

João Forte, geógrafo físico jfortegeo@sapo.pt

Os livros são, para mim, uma fonte de inspiração e conhecimento. Isto além das viagens, claro. Outro dia, enquanto alimentava o vício do livro, deparei-me com algo que me chamou a atenção, e que, aliás, dá o título a este comentário. Era uma obra escrita há cerca de 60 anos, por Jean Giono, que, afinal, representa a antítese do nosso dia-a-dia. Vivemos numa época onde se dá pouco valor àquilo que se pode resumir numa palavra só, ou seja, “semente”. Semente é algo que quando mandado à terra, se transforma em algo mágico.

Mas não é de sementes que quero falar, é sim de uma outra palavra que, não sendo sinónimo de semente, está a jusante desta. Falo, claro, de “desenvolvimento”, o qual não existe se não forem lançadas sementes no território sobre o qual se pretende criar desenvolvimento. Pensamos numa lógica contrária ao desenvolvimento, pois apesar de, na teoria, o querermos, esquecemo-nos de, na prática, lançar muitas sementes que o potenciem. Queremos comprar tudo pronto e projectos chave na mão. É aqui que centro a questão na Associação Terras de Sicó, a qual, incompreensivelmente, se confunde com uma entidade politizada, quando assim nunca o deveria ser. As poucas sementes que tem, são politicamente modificadas e estéreis por natureza. Por isto, e por muito mais, acaba por ser natural esta extraordinária região estar atrás no seu tempo.

Escrito de acordo com a antiga ortografia

(texto publicado a 18 de abril de 2013)