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Margem esquerda: Os deputados nossos amigos

Depois de ter sido visto como o hi5 dos cotas, onde muitos da minha geração perderam noites e sanidade mental em aberrações do tipo FarmVille, o Facebook (FB) tornou-se maior que a realidade. Quem (como eu) ainda não é iniciado, arrisca-se a deixar de existir, a viver como um eremita.

Adérito Araújo, professor universitário aderito.araujo@gmail.com

Depois de ter sido visto como o hi5 dos cotas, onde muitos da minha geração perderam noites e sanidade mental em aberrações do tipo FarmVille, o Facebook (FB) tornou-se maior que a realidade. Quem (como eu) ainda não é iniciado, arrisca-se a deixar de existir, a viver como um eremita.

Num mural de FB a informação é servida em complexo cocktail. As notícias disputam o protagonismo com as fotos do cão e as crises existenciais de “amigos”, numa frenética sucessão. Ao fim de alguns shots informativos, só as notícias bombásticas, as fotos irreverentes ou as frases lapidares sobrevivem. Para sermos notados temos de ser bonitos, cultos, irreverentes, enfim, uns grandes malucos.

Com Obama, o FB ganhou credibilidade e o sucesso da sua campanha web 2.0 contaminou toda a classe política. Em Portugal, de Cavaco a Tino de Rans, ninguém dispensa a sua paginazita. Mas se há políticos que gerem de forma eficiente este importante recurso, outros há que o aproveitam para dar eco à sua imbecilidade. No nosso distrito, o jovem Pimpão (PSD) e o já não tão jovem Pedrosa (PS) usam-no até para divulgar a mais insignificante das suas atividades. Como não lhes foi dado palco durante a campanha, os deputados de Leiria fazem tudo por 15 minutos de fama. E, como sabemos, quando uma criança não brinca na infância, é grande o risco de fazer disparates na idade adulta.

(texto publicado na edição em papel de 3 de fevereiro de 2012)