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Partilhando: A crítica invertida

Se há algo que me deixa chateada e para o qual não tenho a mínima paciência são os treinadores de bancada.

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Cristina Barros, professora do IPLeiria e presidente da Incubadora D. Dinis cristinabarros.rl@gmail.com

Já repararam que somos sempre criticados, julgados ou chamados à atenção quando fazemos algo que simplesmente tem impacto ou visibilidade na sociedade? Se nada fizermos é verdade que nada acontece, mas isso tem alguma piada?

Se há algo que me deixa chateada e para o qual não tenho a mínima paciência são os treinadores de bancada que acham que “devíamos fazer assim e assado“, “estás a fazer mal e devias fazer assim”… E porque não dizem “E se fizéssemos deste modo, vamos lá por isto em prática”?

Todos temos ideias, todos as expomos mas quantas levamos em frente? Muito poucas, aposto, ou nenhumas, e muitas vezes porque não queremos sair da zona de conforto e ser criticados.

A minha opinião é só esta: hoje, ser criticado ou julgado é muito bom! É sinal que fizemos algo e que não foi indiferente aos outros. E quando temos a consciência de que fizemos algo que acrescenta valor à sociedade e acreditamos nessa ideia, só pode ser bom.

Considero ainda que somos criticados porque ser demasiado proativo incomoda e cansa quem quer ficar no seu canto a queixar-se da vida, ao invés de arregaçar as mangas e fazer acontecer.

Não tenham medo de ser criticados. Façam, testem, provoquem sensações, libertem a vossa energia sem receio. Fazer acontecer, em colaboração, em equipa, de forma pragmática, inovadora e orientada para resultados, segundo os objetivos traçados, tem hoje muito valor. Principalmente num país que precisa de força e energia para sair deste marasmo. Desta crise que é desculpa para tudo. Mas para mim não é… É a desculpa para fazer acontecer.

Invertam a crítica apoiando as ideias, colaborando, apaixonando-se pelo sucesso dos outros e fazendo parte dele. Participem, ao invés de criticar. Sejam parte ativa e não passiva. Atirem-se sem rede e sem medo de se magoarem. O mais certo é ficarmos com feridas mas que certamente nos tornam mais fortes.

Tirem os vossos sonhos da cabeça, ponham-nos num papel, num PC, partilhem com alguém, criem equipas, estabeleçam objetivos e metas e por favor, por favor mesmo, saiam da zona de conforto. Acredito também que precisamos de humildade para perceber que a nossa ideia ainda não está completa e que, sendo partilhada, pode ter muito mais valor.

Não há sonhos impossíveis. Às vezes basta mostrá-los, vê-los por um outro ângulo ou inverter o conceito para conseguir passar do imaginário ao real e fazermos acontecer.

(texto publicado na edição de 29 de agosto de 2013)