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Partilhando: No ponto Zero/Zero

Este ano passei o dia da criança no “centro do mundo”, no ponto zero/zero (zero latitude, zero longitude), conhecido por “Marco do Equador” e que fica no ilhéu das Rolas em São Tomé e Príncipe.

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Cristina Barros, professora do IPLeiria e presidente da Incubadora D. Dinis cristinabarros.rl@gmail.com

Este ano passei o dia da criança no “centro do mundo”, no ponto zero/zero (zero latitude, zero longitude), conhecido por “Marco do Equador” e que fica no ilhéu das Rolas em São Tomé e Príncipe. A subida ao ponto zero/zero teve, para mim, um enorme simbolismo. Sinto-o como um ponto de partida para o desenvolvimento de uma qualquer ideia, transversal ao mundo. A imagem que dali se vislumbra é linda demais.

Tive o privilégio de ir a São Tomé para dar um Workshop de Inovação, no Centro Cultural Português, sobre como gerar ideias e novos modelos de negócio, pelo Instituto Politécnico de Leiria. Acabei por conhecer uma África que me apaixonou e deixou muitas saudades. Uma África de pessoas lindas, simples, humildes, atenciosas, extremamente simpáticas e que falam o nosso português.

Miguel Sousa Tavares descreve esta terra no seu livro “Sul- Viagens”como: “Não é bem um país, é um projeto dos deuses atraiçoado pelos homens…Como se as ilhas fossem demasiado perfeitas para a condição humana.”

Assim que saí do avião senti um calor reconfortante e húmido e o cheiro daquela terra profundamente verde. Havia começado a “gravana”, a estação seca, e segundo os locais é a melhor altura para visitar São Tomé, pois é quando a humidade é suportável.

À minha espera estavam uns amigos e o jipe que havia alugado. De jipe viajámos para o interior da ilha, percorrendo trilhos literalmente traçados na densa selva equatorial e visitámos as antigas roças de café e cacau que estão praticamente desvitalizadas e ao abandono. Fiquei deslumbrada com o verde intenso da selva e com o som dos pássaros e dos animais que ali habitam.

Apesar da extrema pobreza em que vivem, a alegria e o sorriso daquelas crianças era contagiante. O jipe andava sempre cheio de miúdos que pediam boleia para a escola. Esta terra é tão generosa e fértil que ali tudo cresce e à distância de um braço estão bananas, fruta-pão, mangas e demais frutos.

A cidade de São Tomé parece tirada de uma fotografia de Portugal antigo, com as suas casas de estilo colonial. Adorei percorrer aquelas ruas à hora de ponta.

Da sala de conferências do Centro Cultural Português, ao salão da Embaixada Portuguesa, às praias paradisíacas, à cascata e às roças que ficavam no meio da selva conheci um pouco de São Tomé e foi tudo belo demais, principalmente as pessoas.

E, um dia quero voltar àquele ponto, onde tudo começa.

(texto publicado na edição de 12 de junho de 2014)