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Partilhando: Os primeiros passos

Nós, os “crescidos”, teremos a audácia e a coragem deste rapaz de apenas catorze meses para largar a parede, explorar desafios e não deixar fugir as oportunidades?

Cristina-barros
Cristina Barros, professora do IPLeiria e presidente da Incubadora D. Dinis cristinabarros.rl@gmail.com

No Dia de Reis, de um momento para o outro e ainda a medo, decidiste largar a parede e começaste a caminhar pelo corredor de forma independente. Alguém diz…“Está a andar sozinho!”. Parecias o Charlie Chaplin. A princípio a expressão era séria mas, à medida que foste sentindo que eras capaz, começaste a tagarelar e a sorrir.

Um pezinho atrás do outro, numa pisada firme e muito engraçada, com uma expressão de felicidade extrema. Os teus primeiros passos sem ajuda! Vieste com um sorriso aberto, sonoro e delicioso, de quem dizia “Viste…? Consegui! Consegui!”.

Foste ganhando confiança até caminhares com segurança e já fazes a proeza de te agachar sem cair. Enquanto “corres” na nossa direção, a rir à gargalhada, esticas os braços para um abraço apertadinho e um colinho. Perco-me nos teus olhos azuis, na suavidade dos teus caracóis, no toque das tuas mãos, no teu cheiro, devoro as tuas bochechas com beijos até começares a reclamar. É tão bom! Será possível encapsular este cheiro e guardá-lo? Quero que persista para sempre na minha memória.

E nós, os teus admiradores, estamos atrás de ti, sempre atentos mas sem te limitar a ação. Deixamos-te explorar e cair, para encontrares, por ti, uma solução para te levantares.

Com apenas catorze meses demonstras todos os dias que é preciso muito pouco para dar os primeiros passos na descoberta de um novo mundo, de forma independente.

E nós, os “crescidos”, teremos a audácia e a coragem deste rapaz de apenas catorze meses para largar a parede, explorar desafios e não deixar fugir as oportunidades? Ou quantos primeiros passos deixamos de dar por medo ou vergonha de largar a tal parede?

Que passos temos de dar para amar verdadeiramente e para dizer “Amo-te” àquela pessoa tão especial, que está mesmo ali ao nosso lado, todos os dias; para perdoar quem nos magoou, ou pedir perdão; para desenvolver aquela ideia que sempre nos pareceu impossível e fazer acontecer; para dar uma palavra amiga; para sermos simplesmente nós próprios sem recear a crítica; para nos desafiamos até ao limite das nossas forças e capacidades, para sairmos da zona de conforto e falharmos…?

Será que, em 2014, vamos largar a parede e Amar, Perdoar, Criar, Inovar, Desafiar, Comunicar, Empreender…? Certamente que sim, porque só depende de nós. Tal como nos mostrou o rapaz de apenas catorze meses.

Desejo-vos um ano de 2014 simplesmente fantástico.

(texto publicado na edição de 23 de janeiro de 2014)