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foto de rosto a preto e branco de José Manuel Silva

Passageiro do tempo: O elefante na sala da democracia

O futuro não espera e o presente é mau de mais. Infelizmente, temos de escolher o mal menor, seja ele qual for para cada um.

Vamos ser claros, o regime fundado em 25 de abril de 1974 está a dar mostras de esgotamento e está em transformação profunda, o elefante na sala é o CHEGA. Politicamente, da revolução emergiram duas ideias fundamentais, Liberdade e Socialismo.

A Liberdade é um ativo inegociável, o socialismo hoje não tem nada a ver com 1974/75, o mundo mudou e as declinações políticas também, basta olhar para o que se passa noutras geografias, as condições sociais em que se basearam as ideias marxistas, gérmen ideológico de quase tudo o que moldou múltiplas sociedades no século XX e princípio de XXI, finaram-se.

O proletariado desapareceu na sua forma mais crua, continuam a existir periferias sociais, mas os estados acorrem aos mais débeis; há hoje um conjunto de apoios sociais que permitem que cidadãos vivam já na terceira geração, exclusivamente, apoiados pelas políticas de segurança social.

Nesta campanha eleitoral tem ficado muito claro o bloqueio em que se encontra a sociedade portuguesa, a direita é maioritária, mas não concretiza essa maioria, a esquerda aspira a governar, mas não tem votos suficientes para isso.

Quando numa campanha eleitoral se fala, essencialmente, para os pensionistas e os funcionários públicos significa que o país está a olhar para o passado e que o futuro só pode ser uma frustração. É aqui que radica o sucesso do CHEGA, fala de coisas que impactam, os ciganos que sempre foram uma etnia “maldita”, os “indostânicos”, que não são católicos e que contrastam connosco em tudo; não é racismo, é a realidade. É pouco? É, mas capta mais de um milhão de votos, aliás, mais do que todos os pequenos partidos juntos, alguns, como o PCP, fundadores do regime.

Se quiserem ficar a olhar para este mundo, é convosco, mas convém olhar mais além. O futuro não espera e o presente é mau de mais. Infelizmente, temos de escolher o mal menor, seja ele qual for para cada um.