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Ponto de vista: Despoluição do Lis e Lena

Há mais de vinte anos que a região ouve, lê e vê notícias sobre as descargas poluentes para os rios Lis e Lena e para as ribeiras, suas afluentes.

António Lucas, presidente da Assembleia Municipal da Batalhaantoniolucas58@gmail.com
António Lucas, presidente da Assembleia Municipal da Batalha antoniolucas58@gmail.com

Há mais de vinte anos que a região ouve, lê e vê notícias sobre as descargas poluentes para os rios Lis e Lena e para as ribeiras, suas afluentes. Durante este mesmo período, foram feitos planos estratégicos, planos de bacia, projetos de ETAR (estação de tratamento de águas residuais), assinaram-se diversos protocolos e outros tantos projetos de intenções.

As Câmaras fizerem investimentos de dezenas e dezenas de milhões de euros em redes de saneamento, a Simlis (Câmaras e Ministério do Ambiente), investiram cerca de dez dezenas de milhões de euros em emissários, elevatórias e ETAR (s), a Recilis elaborou diversos projetos de ETES (estação de tratamento de efluentes suinícolas), adquiriu terrenos, preparou candidaturas, a larga maioria dos suinicultores dos concelhos de Batalha, Leiria e Porto de Mós uniram-se em associações, colocaram dinheiro nas mesmas, muitos governantes, de diversos governos de vários partidos, passaram pela região, mandaram criar comissões, fizeram discursos cheios de boas intenções e 20 anos volvidos, continuam a chegar efluentes em bruto, aos nossos rios e ribeiras.

Para além do anteriormente referido, as Câmaras da região, gastam por ano, dezenas de milhões de euros a tratar os efluentes domésticos produzidos por todos nós.

Para que serve este enorme dispêndio de fundos públicos, logo, de todos nós, quando os efluentes suinícolas não são tratados?

Será bom percebermos que os concelhos que compõem a Simlis, têm cerca de 250.000 habitantes e por estas terras existirão cerca de 300.000 porcos, multiplicados por 5 habitantes equivalentes, falaremos numa população equivalente de mais cerca de 1.500.000 habitantes.

Ou seja, tratamos os efluentes de 250.000 com baixa carga poluente, ficando de fora, 1.500.000, com elevada carga poluente.

Será que o custo do tratamento dos efluentes domésticos e o correspondente esforço dos cidadãos se justifica, atendendo que, a maioria do efluente pecuário não é tratado?

Tudo isto foi dito na presença da Sra Ministra da Agricultura e ainda do Ambiente, há cerca de 2 anos, por ocasião da assinatura de mais um protocolo, para finalmente se resolver o problema dos efluentes suinícolas.

Será que a reforma do Estado, não ajudaria a resolver estas e outras situações análogas?

(texto publicado na edição de 21 de agosto de 2014)