Em mensagem na sua página do Facebook, o presidente da CML, Gonçalo Lopes, escreve que Leiria “merece sempre a nossa homenagem, nos bons e nos maus momentos. É o seu nome que nos deve unir e nunca dividir. Uma Leiria conciliadora e bonita. Uma Leiria de corpo inteiro. Uma Leiria colectiva e não individual. É assim que quero Leiria.”
Ficamos sem saber que Leiria quer Gonçalo Lopes, além de uma adjectivação algo fantasista, pretensamente idílica e beatífica. Teria sido melhor que adiantasse qual o seu projecto político para Leiria e como pretende incentivar a resolução dos problemas que afectam a cidade e o seu concelho.
Leiria não é uma mera abstracção, descrita em tonalidades suaves para consumo ideológico. Leiria é representada pelas vivências de todos os que aqui habitam, trabalham e quotidianamente lhe dão vida. É, ainda, um espaço patrimonial e urbano consolidado pela História, que, em parte, apela a uma profunda reabilitação e regeneração.
E para prestigiar, dignificar e desenvolver Leiria pode e deve haver diferenças de opinião quanto aos caminhos a seguir, às opções a tomar e às prioridades a definir.
Qualquer cidade, onde se constrói o futuro, assume-se pela originalidade e pela qualidade das políticas públicas, bem como pela resolução dos problemas que afectam a vida dos cidadãos.
Uma cidade que se orgulha da sua identidade sabe preservar a memória colectiva. Uma cidade que se orgulha de si própria não se esgota no marketing das redes sociais ou na multiplicação de ilusórios eventos, que acabamos todos por pagar.
//= generate_google_analytics_campaign_link("leitores_frequentes_24m") ?>Ficaríamos muito mais agradecidos se Gonçalo Lopes anunciasse a sua visão para Leiria, desse a conhecer que problemas considera prioritário enfrentar, como pensa superar os entraves estruturais do presente e delinear a construção do futuro.
Podia olhar para o exemplo de outras cidades que vêm superando Leiria em qualidade de vida, em dinâmica social e capacidade de atracção para o investimento público e privado. Cidades que promoveram estratégias de longo prazo e se orgulham dos resultados alcançados.
E também não fazia mal nenhum ver os erros cometidos e reflectir sobre o que tem sido feito ou deixado por fazer.
Talvez fosse melhor dar algum conteúdo e substância à Leiria que quer e promover o debate sobre o futuro que será de todos nós.
(Escrito de acordo com a antiga ortografia)
(Artigo publicado na edição de 31 de outubro de 2019 do REGIÃO DE LEIRIA)