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Cultura

David Fonseca: “Seria incrível acordar em 3014 e vaguear por aí”

O REGIÃO DE LEIRIA lançou o desafio aos leitores: fazer perguntas a David Fonseca. Do “Sérgio Godinho internacional” ao estado da cultura de Leiria, eis as respostas.

O REGIÃO DE LEIRIA lançou o desafio aos leitores: fazer perguntas a David Fonseca. Do “Sérgio Godinho internacional” ao estado da cultura de Leiria, eis as respostas.

 

Para quando um concerto do David Fonseca e/ou dos Silence 4 em Leiria? [enviada por Pedro Fonseca e Rui Henriques]
Neste momento não tenho agendado nenhum concerto em Leiria, a solo ou com os Silence 4, não sei quando acontecerá.

Os Silence 4 querem de facto um concerto em Leiria e há essa possibilidade, ou os leirienses podem desistir desse sonho se tornar realidade? [enviada por Maria Inês Frazão]
Claro que gostaríamos de tocar na cidade, mas não depende exclusivamente de nós que tal possa acontecer. Para já, estamos felizes por podermos realizar esta reunião em duas das maiores salas do país e que esta festa tenha uma dimensão nacional à imagem do que os Silence 4 representaram para tantos com as suas canções.

O David Fonseca tenciona (ou imagina) prolongar a sua carreira a solo até uma longa idade, tornando-se, por exemplo, num futuro “Sérgio Godinho” (numa versão mais internacional)? [enviada por Maria Inês Frazão]
Não sei se serei um futuro “Sérgio Godinho”, mas tenciono continuar a fazer música enquanto for um desafio permanente. Não quero
que a música se torne um fenómeno de repetição na minha vida, acho que seria o pior que poderia acontecer, por isso manterei esta atividade enquanto ela for viva criativamente.

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David Fonseca foi diretor do REGIÃO DE LEIRIA e aceitou responder a perguntas dos leitores

Se a suas músicas fossem maioritariamente portuguesas acha que tinha conseguido alcançar o sucesso que teve até aqui? [enviada por Lisa Silva]
As minhas canções são tão portuguesas quanto as de outros compositores portugueses, não o deixam de ser por serem escritas numa língua diferente. E não faço ideia como seria se tivesse escrito em português durante este tempo todo. É difícil perceber o que faz o sucesso das canções, mas imagino que não seja de responsabilidade exclusiva da língua em que me expresso.

Ao longo dos últimos anos, surgiram em Leiria várias bandas que têm projeção nacional. Que análise faz desses projetos? [enviada por Mariana Domingues]
A cena musical local sempre foi muito viva e cheia de novas ideias. Talvez a parte mais complexa continue a ser a saída de um certo contexto local e para um cenário nacional, mas julgo que existem bandas em Leiria que reúnem todas as condições para darem esse salto.

Tendo em conta a atual conjuntura económica, tem-se verificado um abandono e desrespeito generalizado pela cultura, por parte dos nossos governantes. Esta situação, por vezes, torna-se mais drástica fora dos grandes centros. Como é que vê a atual agenda e oferta cultural e artística em Leiria? [enviada por Vera Bártolo]
Infelizmente, os cortes na cultura têm sido drásticos e isso reflete-se também a nível local. Hoje procuram-se muitas respostas a esta lacuna baseadas no associativismo cultural, mas considero que a cultura também precisa de profissionais a tempo inteiro e de investimento político. Leiria tem procurado respostas para a falta de meios que caracterizam os eventos culturais (como em quase todas as cidades do país), falta agora haver uma vontade política maior e olhar para a cultura como um elemento fulcral dos nossos dias.

Alguma vez equacionou ou tentou uma carreira internacional, aproveitando o facto de privilegiar o inglês nas suas canções [enviada por Manuel Ferreira]
Tenho feito várias incursões fora de Portugal ao longo dos anos. As minhas digressões passam por Espanha há cerca de 5 anos, o Brasil é um dos sítios recentes onde também passei (Rock in Rio e uma digressão em 2011), passei por palcos na Grécia, Itália, Reino Unido, Estados Unidos da América, etc. Infelizmente, o nosso país não tem uma política de investimento na nossa cultura musical como forma de mostrar o nosso património pelo mundo tal como a maior parte dos países tem. Vamos sempre sozinhos para
o mundo e torna-se mais difícil entrar noutros mercados quando os nossos pares têm sempre uma força de investimento com a qual não conseguimos competir. Mesmo assim, considero que a internacionalização é um caminho que estamos sempre a percorrer, mais do que um sítio a que se chega e considero estar a fazer um bom trabalho nessa área.

Se não vivesse da música, que profissão teria seguido? [enviada por Marta Ribeiro]
O mais provável era ter sido fotógrafo, foi a profissão com que sonhei durante muitos anos da minha vida e que me levou a estudá-la na universidade. Ainda hoje tenho um desejo grande de continuar a fotografar, embora não tenha o tempo que essa atividade necessitaria.

Tem alguma superstição antes de entrar em palco? [enviada por Francisca Silva]
Não, nenhuma. Não sou uma pessoa supersticiosa e antes de entrar no palco não faço absolutamente nada, limito-me a entrar.

Se pudesse escolher outra década para viver, qual escolheria e porquê? [enviada por Rafael Louro]
Se pudesse, preferia avançar do que retroceder. E não bastava uma ou duas décadas, teria de ser um milénio inteiro. Isso sim, seria incrível, acordar em 3014 e vaguear por aí. Se ainda cá estiver alguém, claro.

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