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Cultura

Museu Municipal de Ourém garante lugar na Rede Portuguesa de Museus

Para muitos ainda um espaço desconhecido entre as ruas e ruelas que se cruzam na zona histórica da cidade de Ourém, o Museu Municipal integra agora a Rede Portuguesa de Museus.


(fotografias: Joaquim Dâmaso)

 

A sede do Museu Municipal de Ourém é a chamada “Casa do Administrador”. Antiga casa de habitação, construída nos finais do século XIX, foi ali que pernoitaram Jacinta e Francisco Marto entre 13 e 15 de agosto de 1917, quando foram levados para interrogatório em Vila Nova de Ourém.

Conta a história que terão sido ameaçados com uma caldeira de azeite a ferver. Outros testemunhos narram que os pastorinhos de Fátima terão brincado com os filhos do então administrador do concelho, Artur de Oliveira Santos, tendo passado essas noites em sua casa.

Artur de Oliveira Santos é a grande figura deste museu. Republicano convicto, jornalista, latoeiro, foi uma das personalidades que marcaram a transição da monarquia para a república.

Chegou a ser presidente da Câmara de Ourém, mas por pouco tempo. A sua casa, mais tarde tornada num edifício de arrendamento, seria adquirida pelo município de Ourém em 2003, já com o intuito de transformar o espaço num museu.

Ana Saraiva, chefe da Divisão de Ação Cultural da Câmara de Ourém, é quem dirige a visita do REGIÃO DE LEIRIA ao mais recente núcleo museológico da Rede Portuguesa de Museus.

A Casa do Administrador, juntamente com a Oficina do Património e o núcleo interpretativo da Vila Medieval (galeria municipal, posto de turismo e circuito interpretativo), compõem este museu “polinuclear”, onde também se insere todo o património arquitetónico do concelho, gerido ou não pelo município.

Os técnicos do museu têm trabalhado em espaços como a Capela de São Sebastião, a Cripta, o Pelourinho e a cisterna do Castelo de Ourém ou na Capela da Perucha, espaços que mesmo não sendo de propriedade municipal, pertencem ao património ouriense.

“Nós não temos um acervo museológico fora de série, mas temos essencialmente dois elementos diferenciadores”, adianta Ana Saraiva. “Por um lado, todo este trabalho de investigação mais coordenada; por outro lado, o trabalho de serviço cultural e educativo de relação de grande proximidade e envolvimento com a comunidade local”, sublinha a responsável.

Divulgação à escala nacional

O processo de credenciação para a Rede Portuguesa de Museus arrancou em 2009, aquando da inauguração da “Casa do Administrador”.

O parecer favorável do Instituto dos Museus e da Conservação (IMC) na ocasião permitiu que, em 2013, na inauguração da Oficina do Património, o processo pudesse ser retomado. Um trabalho “difícil” de inventário, mas que deu agora os frutos.

“No panorama dos cerca de 300 municípios portugueses, temos 143 museus aprovados [a nível nacional], sendo que a maior parte dos museus nem é dos municípios”, aponta Ana Saraiva. “Portanto eu penso que isto é muito significativo para um município. Estamos a falar de um museu municipal que está ao mesmo nível dos museus nacionais no que respeita à credibilidade e ao reconhecimento da qualidade dos serviços”.

A integração na Rede Portuguesa de Museus vai permitir o acesso a ações de formação e apoio técnico, divulgação a nível nacional das atividades do museu, para além da oportunidade de participar em programas de financiamento.

Projetos não faltam, mas são encarados com calma, apostando-se sobretudo no rigor. Ana Saraiva desvenda negociações em curso com a Fundação Casa de Bragança (dona do Castelo de Ourém) e o início das escavações arqueológicas na Capela de São Sebastião já este Verão.

“O museu foi e deve continuar a ser um processo de sedimentação progressiva”, conclui.

Cláudia Gameiro
claudia.gameiro@regiaodeleiria.pt

(Notícia publicada no dia 12 de junho de 2014)

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