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Cultura

Hans Christian Andersen. Histórias recheadas de moral espalhadas por Ourém

Trinta e oito instituições de Ourém participam num projeto em torno da mensagem de histórias como “O soldadinho de chumbo” ou “O patinho feio”.

Carlos Cordeiro considera-se um patinho feio. Há seis meses e meio em recuperação da toxicodependência no Centro Moimento de Fátima, da Comunidade Vida a Paz, espera transformar-se em cisne.

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Niels Fisher na inauguração de uma das exposições

“Está a correr bem, espero identificar-me totalmente com a história mais tarde”, diz ao REGIÃO DE LEIRIA. Carlos é um dos dez utentes que construíram uma das esculturas para a exposição “Hans Christian Andersen”, que até final de janeiro envolve quase quatro dezenas de instituições e muitas centenas de alunos, professores, utentes e artistas de Ourém.

A iniciativa divulga a obra do escritor dinamarquês, numa homenagem do artista Niels Fischer, que ficou impressionado com o envolvimento conseguido em Ourém: “Deficientes mentais, reclusos, alunos… Ninguém fica de fora” deste projeto “rico em impressões” que vai para o nono ano de vida: já chegou a mais de 300 mil pessoas de todo o país.

No Centro de Apoio Social do Olival, a participação foi massiva. “Foi um entusiasmo. Sobretudo para as senhoras: é sempre bom ter algo que as tire do marasmo do sofá”, conta o diretor Armando Neto. Da creche ao lar, duas centenas e meia de espíritos idealizaram e desenvolveram a obra, inspirada n’“O soldadinho de chumbo”.

No Centro Moimento de Fátima, a escolha foi óbvia. “O patinho feio” tem frases que todos já ouviram. “Que espécie de criatura és tu”, “Vai-te embora, não serves para nada”, “Triste, esfomeado, sozinho” são trechos com que os toxicodependentes em tratamento se identificam e que constam na escultura junto aos Paços de Concelho.

“A transformação do pato para cisne tem todo o sentido, porque quando fazem o tratamento, saem transformados”, sublinha a formadora Susana Santiago. Carlos sabe disso: “A história diz-nos que qualquer um pode ser outra coisa melhor. É uma boa mensagem”.

Durante os próximos meses, há três exposições principais em Ourém. Mas até fim de janeiro há ainda um intenso programa cultural (teatro, dança, música) para projetar a obra de Andersen e sua filosofia, que “despertar as nossa consciências”, sublinhou na inauguração a presidente da assembleia municipal, Deolinda Simões:

“Nestas histórias há sempre uma mensagem que nos leva a pensar no que a vida deve ser: tentar ver sempre a verdade e a honestidade”.

Programa

Manuel Leiria
manuel.leiria@regiaodeleiria.pt

(Notícia publicada na edição de 6 de novembro de 2014)

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