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Politécnico vai lecionar doutoramentos mas ainda vai ser preciso esperar

Cursos Engenharias e ciências do mar. Estas são as áreas cientificas que poderão inaugurar os doutoramentos ministrados no politécnico de Leiria. Mas não há certezas. Nem é para já

Nuno Mangas entra no final do seu mandato à frente do Instituto Politécnico de Leiria (IPLeiria), avistando fumo branco numa questão que perseguia há muito: a possibilidade dos politécnicos – o de Leiria incluído, claro – ministrarem doutoramentos. Não é para já, tudo indica. Mas quando acontecer, o presidente do politécnico de Leiria acredita que o instituto que dirige, estará no pelotão da frente. Aponta as engenharias e as ciências do mar como áreas em que confia ser bastante provável que inaugurem a entrada do IPLeiria nos doutoramentos. Mas lembra que todas as escolas do politécnico estão na corrida, pelo que as áreas eleitas poderão ser muitas e variadas.

Mas vamos por partes. O Governo decidiu e anunciou, dia 15, após a reunião do Conselho de Ministros, que aprovou a revisão de atribuição de graus e diplomas do ensino superior. A decisão surgiu depois de um relatório da OCDE que apontava algumas recomendações que deixavam antever que este passo poderia ser tomado pelo governo. E foi: entre outras medidas, foi determinado que as universidades deixaram de deter o monopólio dos doutoramentos. Mas as regras tornam-se mais apertadas. As instituições que pretendem ministrar doutoramentos têm de demonstrar capacidade para tal: as unidades de investigação associadas a essas instituições têm de obter, no mínimo, o nível de “muito bom” no processo de avaliação da Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT). E é esse facto que deixa tudo em aberto, uma vez que está em curso precisamente esse processo de avaliação. O politécnico de Leiria aposta em unidades ligadas às suas várias escolas, pelo que tudo pode acontecer: os doutoramentos futuros estarão ligados às áreas em que for obtido, com sucesso, esse nível da avaliação. Assim se explica que Nuno Mangas não queira arriscar áreas específicas para futuros doutoramentos, mas antes afirmar que a instituição está empenhada em estar na linha da frente deste processo. “Vamos trabalhar o mais rapidamente possível, com qualidade e rigor e em estreita ligação com as empresas e este é um aspeto fundamental porque queremos ter um verdadeiro impacto na realidade empresarial”, afirma o ainda presidente do IPLeiria que em meados de março verá ser eleito o seu sucessor. Com este desfecho, Nuno Mangas consegue terminar o mandato com uma vitória: “é uma boa forma de chegar a este período final como presidente do IPLeiria e do Conselho Coordenador dos Institutos Superiores Politécnicos”, confessa.

Todavia, a chegada dos doutoramentos aos politécnicos não é para já. O primeiro passo está dado, mas há todo um processo que importa concluir – incluindo a tal avaliação das unidades de investigação. Se tudo correr bem, dentro de dois ou três anos deverá ser possível ver, no terreno, o arranque desta inovação nos politécnicos.

Mudança “positiva”

Consequentemente, o impacto desta medida deverá ser sentido a médio prazo. Jorge Santos, presidente da NERLEI- Associação Empresarial da Região de Leiria, aplaude a iniciativa que, refere, “dá-nos particular estímulo para investir ainda mais em investigação e tecnologia e assim aumentar o valor acrescentado dos nossos produtos e a competitividade das nossas empresas”.

Aos autarcas também agrada esta nova possibilidade. “Acreditamos que esta evolução será decisiva para afirmação desta região, para elevar o seu nível de competitividade, para fortalecer as nossas empresas e para qualificar os nossos recursos humanos”, aponta Raul Castro, presidente da Câmara de Leiria, cidade onde está sedeado o politécnico. Na Marinha Grande está instalado o CDRSP – Centro para o Desenvolvimento Rápido e Sustentável do Produto do IPLeiria, uma das mais reputadas unidades de investigação do politécnico. Para o município anfitrião, “em causa está não apenas a possibilidade de atribuição do grau de doutoramento pelo IPLeiria mas sim o reconhecimento do nível de excelência desta Instituição e da sua importância estratégica para o desenvolvimento da região”, refere a presidente Cidália Ferreira. A sul, nas Caldas da Rainha, onde mora uma das escolas do politécnico, o presidente da Câmara, Tinta Ferreira, não tem dúvidas: esta é uma boa notícia. Em comum, os três autarcas têm igualmente a defesa da denominação de universidade. Tinta Ferreira explica que essa designação, “é fundamental para o reforço da competitividade” do politécnico.

(Artigo publicado na edição de 22 de fevereiro de 2018)

Carlos S. Almeida
Jornalista
carlos.almeida@regiaodeleiria.pt

Esta decisão terá um impacto significativo na próxima década, será um processo evolutivo e um caminho com resultados daqui a cinco, oito ou dez anos”


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