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Bombarral

Restauro dos painéis das estações da Linha do Oeste começou por Leiria

O restauro dos painéis de azulejos de sete estações da Linha do Oeste, inicialmente anunciado para 2015, arrancou em dezembro passado. A primeira intervenção, realizada em Leiria, está concluída.

Azulejos da estação  de Leiria representam monumentos e cidades próximas, trajes locais e o mapa roteiro local Foto: Joaquim Dâmaso

O restauro dos painéis de azulejos de sete estações da Linha do Oeste, cinco das quais no distrito de Leiria, foi anunciado em fevereiro de 2015 pela então Refer – Rede Ferroviária Nacional, para ser realizado naquele ano. 

Os trabalhos contudo foram apenas iniciados em dezembro passado (quase quatro anos depois), adiantou a Infraestruturas de Portugal (IP) ao REGIÃO DE LEIRIA quando questionada sobre o novo anúncio – na passada semana – de intervenção nos painéis das estações de Leiria, Bombarral, Óbidos, Caldas da Rainha e Valado dos Frades (distrito de Leiria), e de Mafra e Outeiro.

Segundo a IP, a recuperação dos azulejos da estação de Leiria, assinados em 1935 por Ernesto Korrodi, Leopoldo Battistini e Luís Fernandes, já foi concluída, estando a decorrer trabalhos nos painéis da estação de Valado dos Frades (Nazaré).

A empreitada foi adjudicada por cerca de 180 mil euros (menos 70 mil do que a estimativa inicial) à empresa RC3 – Restauro e Construção, estando a sua conclusão prevista até junho deste ano.

A IP ressalva no entanto que o desenvolvimento dos trabalhos depende das condições climatéricas, “pelo que poderá vir a ser necessário o alargamento do prazo de modo a não prejudicar a qualidade da intervenção”.

A ação contempla a “remoção de azulejos em destacamento, limpeza de face nobre e tardoz, colagens, consolidações, tratamento do suporte, preenchimentos, consolidações, reintegrações cromáticas, refrescamento de juntas e limpeza”.

“O azulejo, enquanto elemento decorativo presente em muitas estações ferroviárias, por norma de arquitetura simples e de linhas depuradas, tem merecido por parte da IP uma particular atenção não só no que diz respeito à sua salvaguarda e preservação, mas também na sua recuperação e qualificação, contribuindo para a valorização deste importante património público ferroviário”, refere ainda a IP.

Tipicamente portugueses, os painéis de azulejo das estações de comboio não têm igual noutro país. Esta característica ímpar suscitou, entre outras, o interesse do fotógrafo leiriense José Luís Jorge, que em 2014, tirou fotografias aos painéis de seis estações da Linha do Oeste.

Das dezenas de imagens recolhidas, selecionou 12 representativas de paisagens conhecidas. Partiu ao seu encontro e retratou-as com a mesma objetiva. A finalidade? Mostrar o que mudou, ou não, naqueles locais ao longo das décadas que separaram as pinturas do momento atual.

Antes e depois
O santuário de Fátima, a Foz do Arelho em Caldas da Rainha, o Castelo de Leiria, a fábrica da Maceira, a praia da Nazaré, as muralhas da vila de Óbidos, o castelo de Porto de Mós, o parque da rua Andrade, a praça da República de Caldas da Rainha, (bem como a praia da Lourinhã e o monumento da Batalha do Vimeiro, na estação do Outeiro) compõem “A Linha
de Imagens” que José Luís Jorge considera uma “marca d`água, que distingue as nossas estações de caminho de ferro de todas as demais que existem pelo mundo fora”.

Quanto ao estado dos painéis, José Luís Jorge encontrou de tudo: em bom e mau estado de conservação. Os de Caldas da Rainha e do Bombarral “estão notoriamente a precisar de intervenção, como qualquer leigo pode ver”, adiantou ao REGIÃO DE LEIRIA, já em 2015, convicto de que se trata de um património a preservar. “É muito único e muito português”, garante, sublinhando o interesse artístico e histórico das obras patentes em espaços, também eles, muito únicos.

Martine Rainho
Jornalista
martine.rainho@regiaodeleiria.pt

Estação  Ferroviária do Bombarral
Espaços bucólicos, figuras, tradições e trabalhos ligados à viticultura ganham “vida” nos painéis da autoria de Jorge Pinto, produzidos em 1930 na fábrica Arcolena Lisboa 

Estação  Ferroviária de Valado  dos  Frades
Datados de 1929, os azulejos que figuram na estação do Valado, concelho da Nazaré, têm assinatura de J. Oliveira e foram produzidos na fábrica Aleluia. Retratam também eles locais e monumentos como o santuários do Sítio da Nazaré, a praia, o Mosteiro de Alcobaça e a estrada Lourinhã-Outeiro.

Estação  Ferroviária das Caldas da Rainha
Os azulejos da estação das Caldas são os mais antigos da Linha do Oeste. Foram pintados por Carlos Aleluia, fundador da fábrica onde foram produzidos, em 1924, retratam, entre outros, a praça da República, o chafariz das Cinco Bicas, o Hospital Termal, a Torre da Igreja de Nª Sª do Pópulo, a mata e o parque D. Carlos I, a Foz do Arelho e a lagoa de Óbidos , assim como Bordalo Pinheiro.

Estação  Ferroviária de Óbidos
José Vitória Pereira é o autor dos painéis que os passageiros da Linha do Oeste veem quando param em Óbidos. Produzidos da fábrica Viúva Lamego, em 1943, representam momentos, espaços públicos e edifícios históricos e religiosos da vila.

Fotos: José Luís Jorge

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