The History Man: Um oásis para a boa mesa no coração de Óbidos

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Como estratégia para requalificar a oferta gastronómica da vila, o restaurante combina literatura e bons ingredientes num charmoso pátio dentro da muralha.

Como estratégia para requalificar a oferta gastronómica da vila, o restaurante combina literatura e bons ingredientes num charmoso pátio dentro da muralha

Abriu as portas em setembro do ano passado, mas é fruto de uma herança familiar de 40 anos no ramo da hotelaria, somada a dois outros projetos que, no fundo, se alinham à gastronomia. Batizado de The History Man – Casa de Pasto, o negócio responde como o terceiro personagem de uma trilogia de investimentos escrita pelo casal Marta Garcia e Telmo Faria que, em 2012, inaugurou o hotel Rio do Prado, ou The Maker Man, e três anos mais tarde abriu o The Literaty Man, já em Óbidos. Na mais recente empreitada, que traz logo no prefácio a missão de reavivar o centro histórico entre muralhas por meio dos sabores, a dupla investe num restaurante de três ambientes, sendo um deles um jardim que já serve de esplanada para os dias amenos.

“Tudo aqui é história”, contextualiza Telmo Faria, nome já conhecido onde o novo restaurante fez morada. Foi por 12 anos presidente da Câmara Municipal de Óbidos, motivo suficiente para ser um dos embaixadores espontâneos na promoção local. Situado logo abaixo do Museu Municipal, o empreendimento passou por remodelações e ajustes até chegar à configuração atual: uma taberna, que mais parece uma cuidada biblioteca antiga; uma loja de iguarias, na qual se comercializam produtos do tipo ginja artesanal em frascos de farmácia; e um jardim interior, que se abriga à sombra de uma nogueira centenária. “É, talvez, o pátio mais interessante da vila de Óbidos”, arrisca o proprietário, sem modéstia. “Está à vista.”

Com os dias de verão a se aproximar, ganhou mais vida a terceira área, com direito a uma nova ementa, lançada a 1 de junho. São estrelas as espetadas, saladas e tostadas que não carregam necessariamente rótulos de especialidade. “A ideia é sermos conhecidos como quem usa a gastronomia como item do lifestyle”, explica Telmo, justificando o conceito que encontra na beleza das apresentações e na procedência dos ingredientes sua base principal. Do Rio do Prado, por exemplo, aproveitam a filosofia farm to table para abastecer a demanda por vegetais e frutas. “Todos os nossos restaurantes falam da sustentabilidade e apoiam-se nesta estratégia. Então acabamos por gerar, comercialmente, um trânsito entre eles”, conta o ex-autarca.

Na cozinha, quem assina a narrativa é Bruno Marques, chef responsável por coordenar as cartas das três marcas do projeto de forma independente. No The History Man elas dividem-se em duas, uma de almoço – sempre com opção de receita do dia vinda do tacho (12 euros) –, e outra de jantar, ao estilo tapas e petiscos. Ambas, porém, chegam ao comensal apresentadas em molduras, tal como pinturas. Sinal de que por ali, comida é também arte. No final, as sobremesas artesanais servem os dois momentos, mas os destaques vão para a Tarte de chocolate e ginja e Mousse de gengibre com trouxa de ovos.

Ao fundo, o tocar de sinos dá sinais de que a Igreja de Santa Maria está mesmo ali ao lado. Facto, aliás, que tem trazido muitas celebrações ao estilo casamento e batismo para a área do restaurante. “As pessoas podem sair lá de dentro e imediatamente começarem a festa, como se isto tudo tivesse interligado”, descreve Telmo a ideia, que vai ao encontro da proposta que lançou como meta: “Poder sair de Óbidos com uma resposta contemporânea, mais elegante, sem ser caro.”