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E se São Pedro de Moel fosse classificado?

A discussão sobre a possibilidade de avançar com instrumentos de proteção de São Pedro de Moel é o próximo passo do projeto “Repensar São Pedro de Moel – 2020” que conta com a colaboração de alunos do mestrado integrado em Arquitetura da Faculdade de Ciências e Tecnologias da Universidade de Coimbra.

Alunos de arquitetura visitaram oito habitações exemplares da especificidade arquitetónica local Foto: Repensar S. Pedro de Moel 2020

A discussão sobre a possibilidade de avançar com instrumentos de proteção de São Pedro de Moel é o próximo passo do projeto “Repensar São Pedro de Moel – 2020” que conta com a colaboração de alunos do mestrado integrado em Arquitetura da Faculdade de Ciências e Tecnologias da Universidade de Coimbra. Durante um ano letivo, os alunos, que de 15 a 18 de outubro visitaram a estância balnear, vão estudar e apresentar propostas de intervenção em São Pedro de Moel.

“Uma classificação patrimonial para o conjunto natural e construído, foi uma das ideias apresentadas na tertúlia pela Professora Doutora Arquitecta Susana Lobo, autora da Tese de Doutoramento Arquitectura e Turismo: planos e projectos. As cenografias do lazer na Costa Portuguesa, da I República à Democracia, como resultado do seu trabalho sobre os casos de Moledo do Minho, Ofir, São Pedro de Moel e Rodízio” explica o arquiteto João Beltrão, um dos dinamizadores do projeto, numa referência à tertúlia que, dia 16, reuniu também os arquitetos Gonçalo Byrne, Emmanuela Silva da Quinta em São Pedro de Moel.

“Se aquele núcleo for destacado com regras próprias, será simples haver proteção”, acrescenta o arquiteto João Serejo, outro dos dinamizadores deste projeto.

Estes responsáveis sublinham a relevância de contribuir para o atual processo de revisão do Plano Diretor Municipal da Marinha Grande. “Não podemos ficar de braço cruzados à espera de que as coisas aconteçam”, refere João Beltrão que anuncia que em breve será agendado um encontro com a população de São Pedro de Moel para divulgar e debater os instrumentos disponíveis.

“Tem de se discutir a questão da classificação” incluindo a definição de “regras próprias de preservação e conservação”, aponta João Beltrão. “Se aquele núcleo for destacado, com regras próprias, será simples haver proteção”, constata João Serejo.

A especificidade de São Pedro de Moel foi sublinhada na tertúlia de dia 16 de outubro. “São Pedro de Moel é único no panorama nacional, enquanto lugar planeado nos anos 40, revisto nos anos 60, com um plano, o único a ser construído como era, dentro dos limites”, enfatiza João Beltrão. Aí, explica, surgiu uma “arquitetura altamente experimental, dos anos 40 aos anos 70, e isso é único”.

Perante os problemas que afetam a praia, o desaparecimento das discotecas que marcaram as últimas décadas do século passado e o Pinhal de Leiria que vai demorar a recuperar, João Beltrão lembra que o que São Pedro de Moel “ainda tem é uma arquitetura única que tem de ser preservada”.

Os exemplos dessa especificidade puderam ser apreciados pelos alunos de arquitetura, que visitaram oito habitações da localidade, exemplares dessa vertente arquitetónica.

Em aberto está a forma de proteção de São Pedro de Moel. Afinal, explica a dupla de arquitetos, existem diversos instrumentos possíveis. A exemplo do que sucede nas classificações dos centros históricos ou nos planos de salvaguarda, defendem que o processo passe pela definição de regras concretas sobre o tipo de intervenções que podem ser concretizadas naquela estância balnear.

O regresso a São Pedro de Moel dos alunos de arquitetura está agendado para março, altura em que darão a conhecer o trabalho já desenvolvido e o discutirão com a população. Até lá, garantem os promotores do projeto “Repensar São Pedro de Moel”, serão realizadas ações de debate na localidade. Os possíveis regimes de proteção da localidade são um dos temas em aberto.

Para já, os dinamizadores deste projeto fazem um balanço “muito positivo” do primeiro momento da iniciativa que se prolonga até ao final do ano letivo.

Nota: Notícia atualizada às 15h58 de 6 de novembro, com informação adicional sobre a origem da ideia para a classificação patrimonial. 

CSA


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