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Livro sobre grafitos do Mosteiro da Batalha divulga património único em Portugal

Os homens que trabalharam na construção do Mosteiro da Batalha, há cinco séculos, deixaram desenhos nas paredes, testemunho raro divulgado no livro “Grafitos medievais do Mosteiro da Batalha”, a lançar no sábado.

Os homens que trabalharam na construção do Mosteiro da Batalha, há cinco séculos, deixaram desenhos nas paredes, testemunho raro divulgado no livro “Grafitos medievais do Mosteiro da Batalha”, a lançar no sábado.

A edição surge quase uma década depois da exposição que revelou a investigação feita pelo historiador de arte Jorge Estrela a um património único em Portugal, explica o diretor do Mosteiro da Batalha.

“Não temos conhecimento da existência de outros grafitos em Portugal. O Mosteiro é mesmo um caso especial. Caso similar só talvez na Catalunha”, refere à agência Lusa Joaquim Ruivo.

Nestes desenhos estão “os vestígios mais emocionantes e mais vívidos dos milhares de artesãos que por aqui passaram ao longo dos anos”. Agora, podem ser conhecidos na publicação póstuma do trabalho de Jorge Estrela.

Há cerca de meio milénio, especialistas de várias artes chegaram de toda a Europa à Batalha para a construção do Mosteiro: “Deixaram-nos prova indelével dos seus apreciáveis dotes artísticos e grande sensibilidade plástica”, conta no texto de abertura do livro António Luís Ferreira, promotor da edição, com Carlota Simões.

A investigação de Jorge Estrela, que em 2010 deu origem a uma exposição na Casa-Museu João Soares, nas Cortes, testemunha que “o estaleiro batalhino era nessa época um espaço cosmopolita, fervilhando de gente culta, homens de grande mundividência que fixaram nas paredes da Batalha os registos dos seus diálogos, dos jogos com que se entretinham nos tempos livres, das suas crenças e medos”.

“Deram-nos, enfim, notas preciosas do seu quotidiano”.

Há centenas de desenhos riscados nas pedras dos Mosteiro, uns pouco visíveis, mas outros facilmente identificáveis. Dos mais simples aos mais complexos, há representações de naus, caravelas, castelos, homens, animais ou jogos de tabuleiro.

Segundo Joaquim Ruivo, é surpreendente a “diversidade, quantidade e qualidade pictórica de muitos deles”.

“Um dos grafitos”, exemplifica o diretor, “mostra um cetáceo a jorrar água no momento em que captura uma presa. Só alguém que experienciou em alto mar esse fenómeno o podia ter desenhado tão bem”. Outro destaque é uma cegonha no Claustro Real, um “grafito dos mais deslumbrantes”.

“Grafitos medievais do Mosteiro da Batalha”, a lançar no auditório do monumento, às 18h30 de sábado, afigura-se como “extremamente importante”, porque se debruça sobre “aspetos que têm sido marginais aos estudos mais académicos relativos ao Mosteiro e que era urgente investigar”.

Jorge Estrela teve “a coragem em sair do terreno das abordagens academicamente convencionais da arte e da arquitetura”, produzindo uma obra que “sai do lugar-comum” e que se revela “um estudo pioneiro”, sustentado em “documentos da época e em profundos conhecimentos artísticos” do autor.

A partir deste livro, o diretor do Mosteiro da Batalha espera que surjam “outras investigações”, estando em equação “a possibilidade de integrar pedagogicamente os grafitos no circuito de visita, tornando-a mais enriquecedora e emocionante”.

A edição é da Hora de Ler, editora de Leiria. Sábado, no Mosteiro da Batalha, a obra será apresentada pelo investigador e historiador de arte Vítor Serrão.

Lusa

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