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Ataques de pânico: quando a ansiedade nos aperta o peito e nos impede de respirar

Ocorrem em qualquer idade e são duas vezes mais frequentes nas mulheres. Saiba como se caracteriza um ataque de pânico e como ajudar quem entra nesse estado.

Ana Cristina David
Psiquiatra
Centro Hospitalar de Leiria

25,8%

Ao longo da vida, um em cinco indivíduos da população nacional apresenta alguma doença mental. As perturbações de ansiedade têm prevalência de 25,8% e são as doenças onde surgem os ataques de pânico. Estes ocorrem em qualquer idade e são duas vezes mais frequentes nas mulheres

O que caracteriza um ataque de pânico?

Ataques de pânico são episódios súbitos únicos ou repetidos, de ansiedade aguda e intensa, que atingem o pico usualmente em menos de 10 minutos. São caracterizados por sintomas físicos como aperto ou dor no peito, dificuldade respiratória, tremor, boca seca, suores, palpitações, formigueiros ou dormências na face e extremidades, náuseas, tonturas, dor abdominal, dor de cabeça, perda de forças, associados a pensamentos catastróficos, como sensação de irrealidade, de morte iminente, medo de morrer, de perder o controle ou de enlouquecer, relacionados com possíveis perigos presentes ou futuros.

O que pode desencadear um ataque?

Fobias, algo específico (por exemplo aranhas) que origine medo intenso, irracional e desproporcionado à ameaça. Pode acontecer de forma espontânea, ou estar relacionado com aumento do stress, surgir com o consumo de substâncias (ex. cannabis, anfetaminas), ser efeito secundário de alguns medicamentos ou ser sintoma de uma doença.

Como ajudar alguém em estado de pânico?

No imediato é preciso afastar quem rodeia a pessoa, conversando até ela acalmar e relaxar, dando indicação para respirar devagar e expirar adequadamente. Também pode ao mesmo tempo fazê-la respirar por minutos para dentro de um pequeno saco de plástico (incluindo a boca e nariz), diminuindo assim a hiperventilação e os sintomas daí decorrentes, o que a fará sentir e compreender que o ataque é resolúvel, temporário e não perigoso.

Tem tratamento?

Sim, com tratamento médico/psiquiátrico utilizando medicamentos (em caso de crises intensas e frequentes), associando psicoterapia cognitivo-comportamental, com psicólogo clínico. Uma intervenção clínica precoce pode evitar a evolução de ataques de pânico isolados para um distúrbio de pânico. Não sendo tratado, este progressivamente trará importantes níveis de incapacidade interferindo significativamente na qualidade de vida do indivíduo, afetando a sua eficácia laboral, as relações interpessoais e a sua sociabilização.

É possível prevenir?

Sim. A psicoterapia e o conhecimento dos sintomas e dos seus contextos previnem a recaída. A psicoeducação também permite uma aprendizagem dos pais e educadores ajudando-os a distinguir os sinais de ansiedade antecipatória normal e patológica (não adaptativa) que alguns jovens e adultos apresentam, facilitando o encaminhamento para avaliação clínica.

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