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Observatório diz que o país pode não estar preparado para fogos como os de 2017

“Apesar das melhorias não estamos seguros de que o país esteja suficientemente preparado”

fogo em povoamento rural

O Observatório Técnico Independente sobre incêndios criado pelo parlamento alertou esta sexta-eira, dia 12, que o país pode não estar preparado para fazer frente a incêndios de dimensão semelhante aos de 2017, em que mais de 100 pessoas morreram, a maior parte (66) no norte do distrito de Leiria.

“Em 2017 quase todos afirmaram que as consequências que resultaram dos incêndios de junho e outubro desse ano não poderiam voltar a repetir-se. Apesar das melhorias nalguns componentes do sistema, não estamos seguros de que o país esteja suficientemente preparado para enfrentar eventos da mesma magnitude”, pode ler-se na nota informativa emitida pelo observatório.

A poucos dias do Dia Nacional em Memória das Vítimas dos Incêndios Florestais, que se assinala em 17 de junho, o observatório destaca que as variáveis que determinaram os fatídicos incêndios de junho e outubro desse ano, e que vitimaram mais de uma centena de pessoas, “permanecem sem alterações estruturais”, enumerando que há trabalho a fazer no plano do “ordenamento, gestão florestal, recuperação de áreas ardidas e mitigação do risco desadequados”.

Simultaneamente, o relatório aponta uma “insuficiente formação e qualificação dos agentes, indefinição no modelo de organização territorial a adotar pelos serviços do Estado, a precariedade laboral de diversos agentes, a falta de recrutamento para lugares de comando operacional e a manutenção de alguns comportamentos de risco pela população em condições favoráveis à ocorrência de incêndios” como pontos ainda por solucionar.

“O planeamento e operacionalização em matéria de prevenção e defesa da floresta contra incêndios carecem ainda de uma visão inclusiva de todos os agentes, numa conjunção de esforços entre as várias entidades envolvidas a partir de um modelo de interagência”, assinala o observatório, acrescentando que “houve passos dados desde 2017, mas um longo caminho está ainda por fazer”.

Para esta entidade, o risco tende a agravar-se como resultado das mudanças na paisagem e das alterações climáticas em curso, pelo que apela a que, três anos após 2017, “o País não se possa sentir satisfeito pelo quanto já foi feito, mas antes se concentre, com considerável e avisada humildade, no muito que está ainda por fazer”.

Apesar destas indicações, nesta reflexão o observatório aponta como “positiva” a melhoria na perceção do risco na proteção de pessoas e bens, revelando que “a constatação mais significativamente positiva desde 2017 foi a da redução do número de ignições”, o que considera ser particularmente importante em dias de condições meteorológicas adversas.

Diz o observatório que esta redução poderá ser interpretada como resultante da redução área com potencial para arder, da alteração de comportamentos da sociedade, da maior sensibilização e maior atividade da GNR, aposta na identificação e detenção de suspeitos, da perceção do melhor funcionamento do sistema judicial ou das campanhas nos meios de comunicação social (Portugal Chama).

Já do lado do combate, o observatório reconhece que é onde mais trabalho há a fazer, apontando que é necessária uma aposta na profissionalização, com “formação e qualificação dos agentes, reforço de equipamentos, rentabilização da capacidade instalada a nível local, regional e nacional, recrutamento de técnicos para o desempenho qualificado de funções especializadas na gestão de emergência e planeamento da intervenção de todos os agentes do sistema numa lógica de complementaridade territorial”.


Secção de comentários

  • António Candeias disse:

    O Observatório descobriu a roda, enquanto não se começar alimpar as florestas os incêndios vão continuar por muitos milhões de euros que gastem em meios aéreos e outros meios, eles vão é ser cada vez maiores, basta estarmos atentos aos grandes incêndios e onde os houve e que passado 10 ou 15 anos voltaram e incendiar e sempre com mais gravidade, 1986, Monchique,Oleiros, Buçaco, etc.etc.etc. Enquanto os políticos não se unirem para resolver o problema das florestas os grandes incêndio não vão parar, esta situação é para ser resolvida sem bandeiras mas por Portugal, tirem os estudos que todos os governos pediram aos especialistas e bem pagos por todos nós da gaveta eles indicam os caminhos a seguir, e não vai ser fácil e muito menos se vai resolver em uma ou duas legislaturas, ponham a mão na cabeça e vejam o danos que por vossa culpa já causaram, só em mortes desde 1986 até hoje já morreram perto de 300 pessoas em todos os governos, os incêndios não têm época embora no Verão sejam mais graves, as Florestas é para serem limpas todo o ano e todos os dias do ano, e não como tem sido até aqui, enquanto não for feito assim vamos continuar a culpar este ou aquele governo consoante a bandeirinha de cada um.

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