Assinar
Consultório RL

Dor ciática: Cuide da sua coluna com posturas corretas e treino muscular

A dor ciática afeta tanto os homens como as mulheres. Identificar as causas é essencial para aliviar as dores.

Elisabete Valente
Anestesiologista
Leiria

30%

“De um modo geral, a evolução da dor ciática é favorável mas em cerca de 30% dos casos os sintomas duram um ano ou mais. Surgem indistintamente em homens e mulheres, podendo aumentar com o envelhecimento, tendo em conta que as estruturas da coluna vertebral podem sofrer de alterações degenerativas. A dor ciática é mais comum na meia-idade, ocorrendo raramente antes dos 20 anos”

O que é a dor ciática?

O nervo ciático, o maior nervo do corpo humano, tem origem na região lombar percorrendo a nádega, descendo na face posterior da coxa, do joelho, da perna, até alcançar o dedo maior do pé. A dor ciática é provocada por uma inflamação/irritação ou compressão ao longo do nervo ciático, podendo coexistir ou não com uma dor lombar (lombalgia). As dores “pseudo” ciáticas habitualmente não ultrapassam os joelhos e não são ligadas a lesão do nervo ciático.

Quais as principais causas?

As causas mais comuns para a lesão do nervo ciático são hérnia discal; estenose da coluna lombar; fraturas por pressão (provocando deslizamento de vértebras); traumatismos; tumores; anomalias congénitas; infeção; síndrome do músculo piriforme (contratura muscular que comprime o nervo ciático).

“Ter uma dor na perna não é sinónimo de dor ciática. Devemos excluir outras patologias como por exemplo a patologia da anca, da sacroilíaca ou uma síndrome dolorosa miofascial”

Os sintomas são iguais para todas as pessoas?

Não, dependem da região do nervo doente e da gravidade da lesão. Pode surgir dor aguda (afiada, fisgada), constante e de intensidade variável mas muitas vezes intensa. Pode ser descrita como tipo choque elétrico. Geralmente a dor é unilateral. É comum existir um aumento das dores na posição sentada ou de pé, ao tossir, espirrar ou rir, e durante a noite. Destacam-se ainda perda de sensibilidade, redução dos reflexos, diminuição da força muscular (fraqueza), sensação de formigueiro, de queimadura ou de dormência. Nesses casos ou em caso de perda de urina deve-se avisar sempre o médico.

A quem se pode recorrer para fazer o diagnóstico?

Deve recorrer-se ao médico de família que poderá encaminhar para uma consulta especializada de fisiatria, neurocirurgia ou ortopedia. O diagnóstico é antes de mais clínico, assente na história clínica e observação médica cuidadosa e rigorosa (avaliação dos reflexos, da força motora e sensitiva, testes de elevação da perna, etc.). Podem ser necessários exames complementares, como radiografias, tomografia axial computadorizada (TAC) e ressonância magnética (RMN) da coluna lombar. Poderá ser importante solicitar outros exames para avaliar o funcionamento do nervo ciático, como a electromiografia.

É possível tratar?

A dor ciática é um sintoma e o tratamento consiste na resolução das suas causas. A cirurgia é reservada para os casos mais graves. Sendo a hérnia discal a causa mais comum de dor ciática, a cirurgia mais frequentemente realizada é a remoção do disco intervertebral que provoca essa compressão, permitindo um alívio sintomático em 90 a 95% dos doentes operados. Na maioria dos casos, os sintomas melhoram ao fim de algumas semanas ou meses, apenas com recurso a analgésicos. Os anti-inflamatórios reduzem a dor e a inflamação e os relaxantes musculares podem ajudar em certos casos mas porque estes medicamentos podem apresentar efeitos secundários, devem ser sempre prescritos pelo médico em função dos antecedentes de cada paciente. Em casos de dor muito intensa, pode-se recorrer a uma injeção de corticoides na região epidural. O repouso é essencial e o recurso ao calor ou frio pode ajudar a aliviar a dor e a contratura muscular. Fisioterapia, massagens, acupuntura, reflexologia e osteopatia podem completar o tratamento.

Como evitar que a dor volte?

Devemos cuidar da coluna ao longo de toda a vida, evitando sobrecarregá-la, e fazer treino muscular para manter posturas corretas, em repouso ou durante os movimentos do dia a dia. É importante evitar o sedentarismo e não estar sentado durante longos períodos de tempo consecutivos. Quando estamos sentados, as costas devem estar totalmente apoiadas na cadeira e os pés bem assentes no chão (pode haver necessidade de usar um pequeno degrau de apoio), o pescoço deve estar sempre direito, o que é particularmente relevante para quem passa horas em frente ao computador. O pilates e a hidroginástica ajudam a fortalecer e alongar os músculos. Deve-se usar calçado confortável, de preferência com saltos mais baixos, individualizado, que não afete negativamente a postura.

(Artigo publicado originalmente no Diretório de Saúde 2018 do RL)


Secção de comentários

Deixar um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

Artigos relacionados

Subscreva!

Newsletters RL

Saber mais

Ao subscrever está a indicar que leu e compreendeu a nossa Política de Privacidade e Termos de uso.