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Saúde

Misericórdia de Leiria cede blocos operatórios e camas para tratar doentes do Centro hospitalar

A parceria, que arrancou esta segunda-feira, implica a cedência de dois blocos e de 12 camas de recobro, sendo as cirurgias realizadas pelos profissionais do CHL

São 47 os doentes do Centro Hospitalar de Leiria (CHL) que serão operados esta semana no Hospital D. Manuel de Aguiar.

A iniciativa resulta de um protocolo com a Santa Casa da Misericórdia de Leiria (SCML) e a Administração Regional de Saúde do Centro (ARSC) e visa contribuir para reduzir as listas de espera para cirurgias não urgentes enquanto o CHL não conseguir reequilibrar a sua capacidade de resposta para doentes não-Covid.

O acordo prevê a cedência dos dois blocos operatórios do Hospital D. Manuel de Aguiar (HDMA) às equipas de cirurgiões e anestesistas do CHL e de 12 camas para recobro dos doentes. Na fase do pós-operatório, os doentes serão acompanhados pelos enfermeiros do HDMA.

Nesta fase, o programa abrange doentes não urgentes das especialidades de Cirurgia Geral, Ortopedia, Ginecologia, Urologia e Otorrinolaringologia, e que estão em lista de espera “acima dos tempos máximos de resposta garantidos”. Já os doentes urgentes e muito prioritários, continuam a ser operados no Hospital de santo André.

“Nós não fechamos a nossa capacidade cirúrgica”, frisou Licínio Carvalho, presidente do conselho de administração do CHL, na segunda-feira, aquando da formalização do protocolo.

A assinatura do protocolo, esta segunda-feira, marcou o arranque deste programa de cirurgias Fotografias: Joaquim Dâmaso

Segundo Carlos Poço, provedor da SCML, o desafio lançado ao CHL enquadra-se no espírito de solidariedade que tem marcado a relação entre instituições no combate à pandemia, e de que é também exemplo a disponibilização de 16 camas no lar de Nª Sª da Encarnação para altas sociais, de modo a acolher pessoas com alta clinica hospitalar que não tenham condições para regressar a casa, e de dez camas em enfermaria no HDMA para aliviar a pressão em unidades de saúde da área da Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo (ARSLV).

“Demos tudo o que tínhamos”, referiu o responsável, ao mesmo tempo que manifestou junto da presidente da ARSC a disponibilidade do HDMA em continuar a contribuir para a redução das listas de esperas no âmbito do Sistema Integrado de Gestão de Inscritos para Cirurgia (SIGIC), nomeadamente no período pós-pandemia.

“O foco é nas camas. Queremos ter as camas sempre ocupadas porque é um bem escasso neste momento no país”, frisou, destacando ainda “o tempo recorde” em que o acordo com o CHL foi implementado.

“Desde o inicio, o CHL conseguiu ir gerindo a situação de modo a dar resposta à procura da nossa região por parte dos doentes não-Covid”, mas “estamos conscientes que não estamos a conseguir dar a resposta toda que queríamos dar, porque cerca de 50% da nossa taxa de esforço, em termos de internamento e de capacidade operacional de resposta, estão afetas aos doentes Covid”

Licínio Carvalho, administrador do CHL

“O CHL não é um hospital Covid, tem que responder aos doentes infetados com Covid-19 mas também continuar a dar resposta aos doentes com outras patologias”, sublinhou por sua vez Licínio Carvalho, reconhecendo contudo “os efeitos colaterais” da pandemia em termos de demora na resposta aos doentes não-Covid.

“Temos neste momento mais de 200 camas afetas ao tratamento de doentes Covid e isso implicou uma compressão da nossa capacidade operacional para doentes não-Covid que naturalmente precisam de ter uma resposta alternativa”, afirmou.

27

Desde o início da pandemia, o Hospital de Leiria recebeu 27 doentes Covid de outras unidades de saúde do país, entre os quais 14 doentes críticos e 13 de nível 1 (nível mais baixo da exigência de cuidados Covid). Os últimos três doentes chegaram na passada semana com necessidade de ventilação mecânica. Já do Hospital de Leiria foi resgatado um doente ventilado pela equipa do Centro Hospital de S. João, no Porto, por precisar de ECMO (Oxigenação por Membrana Extracorporal) – técnica de suporte vital extracorporal – de que o CHL não dispõe e que não se encontrava disponível na região Centro.

Já Rosa Reis Marques, presidente da ARSC, saudou a união de esforços entre as duas entidades, uma do sector público e outra do sector social, para “em conjunto criar condições para se melhorar o desempenho” na resposta aos doentes não-Covid e recuperar os atrasos decorrentes do combate à pandemia. 

“É muito gratificante e orgulha-nos muito ver a capacidade das instituições do nosso território, nomeadamente dos sectores social e privado – e temos vários testemunhos – que nos subcontrataram camas com todas as diligências e todo o sentido de cooperação”, notou.

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