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Leiria

Oikos crítica limpeza “drástica” das margens do Lis na cidade

Para além de prejudicial para o ambiente, a associação acrescenta que a limpeza será inútil do ponto de vista prático, uma vez que terá de se repetir em breve.

A Oikos – Associação de Defesa do Ambiente e do Património da Região de Leiria, alerta para o impacto negativo da operação de limpeza realizada nas margens do rio Lis, na cidade de Leiria.

Para além de prejudicial para o ambiente, a associação acrescenta que a limpeza será inútil do ponto de vista prático, uma vez que terá de se repetir em breve.

Em comunicado divulgado na tarde desta quinta-feira, a associação ambientalista refere que “lamenta ter de denunciar e condenar mais uma intervenção levada a cabo sobre a vegetação ripícola nas margens do rio Lis, desta feita em espaço urbano, na cidade de Leiria”.

Apelidando a intervenção entre a Ponte dos Caniços e Ponte Hintze Ribeiro como uma “drástica ‘limpeza de margens’”, a Oikos lembra que “numa perspetiva técnica e ecológica, não se devem realizar estas intervenções sobre este tipo de vegetação e margem, facto agravado por ter sido realizada num momento em que a maioria das aves nidificante naquele habitat iria começar a preparar os respetivos ninhos, garantindo a diversidade biológica em espaço urbano”.

Os ambientalistas criticam ainda o facto desta operação “contribuir para a abertura daquelas áreas à proliferação de espécies vegetais invasoras que ali já existem e são indesejáveis”.

Por outro lado, caso se venha a verificar “um aumento de caudal nas próximas semanas”, ter realizado o “corte radical da totalidade da vegetação arbustiva” nas margens do rio potencia “o risco da erosão das mesmas e o aumento da velocidade das águas do rio, com impactes a jusante da intervenção”, aponta a Oikos.

No seu comunicado, a organização ambientalista enuncia mesmo oito riscos imediatos que identifica como possíveis na sequência desta intervenção: redução de habitat para a diversidade biológica em espaço urbano ribeirinho; potencial instalação de novas espécies exóticas e invasoras; facilitar a proliferação de espécies invasoras já ali instaladas; aumento do risco de erosão das margens; aceleração das águas do rio, em caso de cheia, com impactes nas margens e leito a jusante; perda de filtros naturais para eventuais contaminantes químicos do recurso hídrico; perda estética e paisagística e a inutilidade da intervenção.

De acordo com a Oikos, “a manterem-se estes critérios de limpeza, haverá necessidade de a repetir a curto prazo, com custos económicos e ecológicos para os munícipes e diversidade biológica, sem obtenção de qualquer benefício evidente”.

A associação alerta ainda para a necessidade de “intervenções sobre as galerias ripícolas” que sejam “tecnicamente bem conduzidas”.   

Recorde-se que no início do mês, a Câmara de Leiria anunciou a realização de trabalhos de limpeza no tanque dos Caniços, junto ao Museu do Moinho do Papel, na cidade de Leiria.

O REGIÃO DE LEIRIA solicitou à Câmara de Leiria, um comentário à tomada de posição da Oikos. A autarquia justifica os trabalhos de limpeza no rio Lis, com a necessidade de avaliar “focos de erosão e instabilidade” do rio na cidade.

Nota: notícia atualizada às 15h24 de 11 de fevereiro, com indicação de justificações da Câmara de Leiria.

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