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SOS Ucrânia

Bailarina ucraniana encontra em Leiria motivos para continuar a sonhar

Valeria Rybalko, 14 anos, saiu de Kharkiv com a mãe em busca de segurança, uma cidade onde pudesse recomeçar a vida e continuar os estudos de dança.

Fotografia com Annarella Sanchez (à esquerda), Valeria Rybalko (ao centro) e Nataliya Pobuta (à direita)
Annarella Sanchez (à esquerda) e Nataliya Pobuta (à direita) são o apoio de Valeria Rybalko em Leiria. A professora de dança ofereceu os estudos no conservatório e Nataliya disponibilizou casa Joaquim Dâmaso

Aos 14 anos, Valeria Rybalko viu a vida virada do avesso e o sonho de ser bailarina profissional prestes a escapar por entre os dedos. Por causa da guerra, à semelhança do que aconteceu a muitas outras famílias, Valeria e os pais Andrey e Olga, abandonaram Kharkiv (Carcóvia) a 27 de fevereiro, juntando-se a uma avó que reside perto de Lviv.

Mas a insegurança e o perigo permaneciam. A solução encontrada foi percorrer mais de três mil quilómetros de carro, desde a Polónia, para chegar a Lisboa, onde mãe e filha iam ser acolhidas por um outro parente. Já em Lisboa, Olga foi aconselhada a contactar o Conservatório Internacional de Ballet e Dança Annarella Sanchez para tentar inscrever a filha.

A partir daí tudo mudou. Com “boas bases” decorrentes da formação de dança iniciada aos quatro anos, Valeria foi de imediato aceite no conservatório leiriense. “Quando ela chegou aqui, percebi que estava realmente muito bem formada e que o que queria era ser bailarina”, frisa Annarella Sanchez.

Os estudos de dança estavam já assegurados, mas faltava um local para Valeria morar e assegurar a entrada na escola. Em poucos dias, Annarella tratou de tudo, inscreveu a adolescente na Escola Secundária Afonso Lopes Vieira e ofereceu o equipamento e vestuário necessário para as aulas de dança.

O alojamento foi facultado por Nataliya Pobuta, progenitora de uma outra estudante do conservatório que recebeu recentemente uma bolsa para ingressar numa companhia em África do Sul.

Nataliya Pobuta, também ucraniana e radicada em Portugal desde 2000, disponibilizou-se logo para acolher a jovem no quarto deixado vago pela filha. É lá que Valeria mora há pouco mais de uma semana, com a rotina preenchida pelas formações académica e profissional.

Ao fim de semana, apanha o autocarro para ir visitar a mãe e o pai, que estão atualmente a residir e a trabalhar em Aveiro. O emprego foi conseguido também por Nataliya, que pediu ajuda ao marido para arranjar trabalho a Andrey e Olga. Uma amiga de Nataliya cedeu a casa de férias na Costa Nova para o casal viver temporariamente.

Apesar de estar habituada ao rigor no ensino de dança, Valeria assume que as aulas aqui “são mais intensas”. Treina diariamente e já este domingo, dia 3, tem oportunidade de mostrar o seu talento no Teatro José Lúcio da Silva. Vai integrar o espetáculo “Dança pela Paz”, uma gala com repertório diverso que junta os alunos do Conservatório e da Annarella Academia de Ballet e Dança. O espetáculo acontece às 16h30 e os bilhetes custam 7 euros.

Em paralelo a Valeria Rybalko, Annarella Sanchez avançou que está disponível para acolher no conservatório 20 estudantes ucranianos, que queiram prosseguir em Leiria o estudo de dança. A professora foi contactada por algumas escolas internacionais e conta receber alunos já este mês.

Esta ponte com a Ucrânia, contou, foi feita a partir de uma associação de bailarinos alemã, que convidou o conservatório de Leiria para entrar na lista de instituições disponíveis para acolher bailarinos da Ucrânia.

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