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Câmara e Clube Náutico de Pedrógão Grande preocupados com impacto de central solar flutuante

Autarquia quer saber como vai ser possível “acomodar o uso da albufeira para o combate aos incêndios e para as atividades turísticas e náuticas”.

foto da piscina instalada na albufeira do Cabril
Foto de arquivo

A Câmara e o Clube Náutico de Pedrógão Grande manifestaram esta terça-feira preocupação com o impacto da instalação de uma central solar flutuante perto da barragem do Cabril e a empresa Voltalia garantiu estar a trabalhar para “o menor impacto ambiental possível”.

“Estou preocupado com o impacto do projeto”, afirmou à agência Lusa o presidente do Município de Pedrógão Grande, António Lopes, referindo que a Câmara já pediu uma audiência ao Ministério do Ambiente e da Ação Climática, para conhecer os pormenores da operação.

A Barragem do Cabril une o concelho de Pedrógão Grande (distrito de Leiria) à freguesia de Pedrógão Pequeno (concelho da Sertã, distrito de Castelo Branco).

António Lopes realçou que aquela autarquia do norte do distrito de Leiria quer saber como vai ser possível “acomodar o uso da albufeira para o combate aos incêndios e para as atividades turísticas e náuticas”.

“Não se sabe a localização, a tecnologia que vai ser utilizada, nem as contrapartidas para o concelho”, adiantou, considerando positiva a produção de energia verde, mas admitindo temer o “impacto visual na própria albufeira” do Cabril e as “consequências para as atividades que aí se desenvolvem”.

Numa nota de imprensa emitida na semana passada, a Voltalia informou ter conquistado o projeto de energia solar flutuante na barragem do Cabril.

Esta central “vai ser instalada perto da barragem do Cabril, na Sertã [Castelo Branco]”, e “a capacidade instalada será entre 33 MW [megawatt] e 40 MW, dependendo da otimização final do projeto”, referiu.

“Com 33 hectares, a central vai fornecer energia verde para um volume equivalente ao consumo de 70.300 habitantes”, esclareceu a empresa, explicando que “garantirá o desenvolvimento, construção e operação da central”. A expectativa é de que “o projeto seja comissionado até 2026”.

Quanto às receitas, “serão suportadas por um contrato de 15 anos atribuído pelo Ministério do Ambiente e da Ação Climática, prevendo um preço de 41.025 euros por megawatt-hora”.

Citado na nota, o responsável da empresa em Portugal, João Amaral, salientou que “este é um desafio tecnológico e inédito para a Voltalia nesta área”.

“Ao beneficiar de níveis excecionais de sol e água, refrigerando os painéis e evitando o superaquecimento, o projeto será altamente eficiente e garantirá um alto retorno”, considerou João Amaral.

O presidente do Clube Náutico, Nuno Fernandes, alertou, por seu turno, que “a componente paisagística, o cartaz turístico, fica deteriorado de forma significativa” com a central, receando o impacto negativo no turismo.

“A beleza natural é um património público”, assinalou Nuno Fernandes, alertando também para o impacto nas atividades ligadas à albufeira, das embarcações de recreio à natação e pesca, entre outras.

Declarando não ser contra a produção de energia limpa, o dirigente sustentou, à Lusa, que “não pode valer tudo” e “colocar uma estrutura flutuante é descabido num país que pretende apostar no turismo”.

O responsável da empresa em Portugal disse hoje à Lusa que, “do ponto de vista de projeto, a Voltalia vai trabalhar por ter o menor impacto ambiental possível, como faz sempre em todos os projetos que tem”, frisando que “operar na área das energias renováveis é, também, assumir este compromisso e contribuir positivamente, fazendo a diferença a nível económico e social na região em que se atua”.

“O projeto do Cabril surgiu de um leilão público, por isso, sabemos, naturalmente, que o Governo também teve em conta todas as preocupações antes de lançar esta oportunidade ao mercado, uma vez que um procedimento deste género só é possível em estrito alinhamento entre o Governo, o Município e os órgãos locais”, acrescentou.

João Amaral fez ainda saber que “a Voltalia é sensível à combinação de localizações, porque um projeto deste género terá que se adaptar à natureza e ao nível de água da albufeira, até porque não há escavações como num projeto em terra”.

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