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Saúde

Médicos do hospital de Caldas da Rainha pedem demissão e encerramento da Urgência

Conselho de administração do Centro Hospitalar do Oeste vai reunir com chefes de equipa do Serviço de Urgência na próxima semana.

Foto: Joaquim Dâmaso

Os chefes de equipa do Serviço de Urgência do hospital de Caldas da Rainha entregaram ontem à noite, quinta-feira, o pedido de demissão e pedem o encerramento do serviço daquela unidade hospitalar.

Em comunicado, o conselho de administração do Centro Hospitalar do Oeste confirma ter rececionado, na noite de ontem, a carta de intenção de demissão, indicando que o pedido diz apenas respeito ao “cargo de gestão de chefia de urgência e não ao exercício das funções clínicas que ocupam no Hospital de Caldas da Rainha”.

O conselho de administração explica também que “a equipa de urgência continua a assegurar o normal funcionamento do Serviço de Urgência, mantendo-se em funções e providenciando todos os cuidados inerentes ao funcionamento do serviço”.

Ontem, a presidente do conselho de administração do Centro Hospitalar do Oeste (CHO), Elsa Baião, explicou à agência Lusa que a unidade de Caldas da Rainha continua a registar uma elevada afluência às urgências. “As urgências têm estado caóticas e tem havido uma afluência excessiva”, afirmou a administradora, que lembrou que, por ter a funcionar a urgência geral e a Área dedicada a Doentes Respiratórios (ADR), devido à pandemia de Covid-19, existe a duplicação de equipas e meios nas urgências dos hospitais.

Também os bombeiros de Caldas da Rainha e Óbidos davam conta, ontem, de dificuldades em recuperar as macas utilizadas para transportar doentes para a urgência hospitalar, o que deixava as corporações sem ambulâncias disponíveis e a necessitar de recorrer a corporações vizinhas para assegurar o socorro.

O Conselho de Administração reitera “total abertura para resolver as questões de organização interna e distribuição de serviço, informando que mantém os canais de diálogo e a procura de soluções, assegurando que tudo fará para continuar a manter o normal funcionamento da urgência e o reforço das suas equipas, visando chegar a um consenso entre os intervenientes”.

No início da próxima semana será marcada uma reunião com os médicos que apresentaram a carta de demissão, “no sentido de serem encontradas soluções e na expectativa de que as dificuldades sentidas, ao nível de recursos humanos, possam ser ultrapassadas”, indica a administração do CHO.

“O Conselho de Administração do Centro Hospitalar do Oeste reconhece o trabalho difícil, mas empenhado, dos seus profissionais e reitera a necessidade da colaboração de todos os intervenientes na rede de cuidados, e também dos utentes, para que as urgências hospitalares sejam usadas de forma correta”, acrescenta.

Em caso de doença, o primeiro contacto deverá ser para a Linha SNS 24 – 808 24 24 24, que disponibiliza aconselhamento e encaminhamento em situação de doença, lembra o CHO.

Deputados do PSD questionam ministra

Os deputados do PSD estão preocupados com o a situação “absolutamente dramática, desesperante e totalmente inaceitável” que se vive no hospital das Caldas da Rainha.  

Numa pergunta dirigida à ministra da Saúde, depois de conhecida a demissão dos chefes de equipa e do Serviço de Urgência, enquanto não estiverem assegurados os requisitos mínimos para o funcionamento em segurança, os deputados socias-democratas querem saber “quais as soluções que serão adotadas para garantir os níveis mínimos de segurança para o funcionamento do serviço de urgência da unidade”.

“Num comunicado, os profissionais da Medicina Interna alertaram para o caos que se vive na Unidade das Caldas da Rainha e afirmam que “o Serviço de Urgência está em rutura completa”, não estando asseguradas “as condições mínimas de qualidade assistencial, nem de segurança, nem para os profissionais de saúde, nem para os doentes””, explica o comunicado do PSD.  

Entre os problemas identificados estão “o excesso de doentes que recorrem e permanecem indevidamente no Serviço de Urgência”, “as escalas persistentemente incompletas”, “o desvio frequente de doentes fora de área” e a “proibição de transferir doentes para os seus hospitais de origem”.

“Tem a tutela conhecimento da situação reportada que se vive na Unidade das Caldas da Rainha do Centro Hospitalar do Oeste”, perguntam os deputados do PSD eleitos pelo círculo de Leiria e da Comissão de Saúde. 

Também o PS vai questionar o Governo sobre as condições em que os médicos internistas exercem as suas funções no serviço de urgência do Hospital de Caldas da Rainha, anunciaram os deputados socialistas eleitos pelo círculo de Leiria.

Em comunicado, os cinco deputados à Assembleia da República referem que solicitaram uma reunião ao conselho de administração do CHO, sublinhando “a preocupação que resulta das notícias recentemente vindas a público no que diz respeito às condições” de trabalho do corpo clínico.

“Os deputados irão ainda questionar o Governo, através de pergunta regimental escrita dirigida à senhora ministra da Saúde, acerca das condições em que estes profissionais exercem a prática clínica e também sobre a resposta que é dada pelo serviço de urgência desta unidade hospitalar à população por ele servida”, anuncia o grupo.

Os deputados socialistas admitem “dificuldades”, mas, lê-se, “não deixam de reconhecer o investimento que tem vindo a ser feito pelo Governo em matéria de reforço de recursos humanos ao serviço do Serviço Nacional de Saúde nos últimos anos, bem como de enaltecer o enorme esforço que quer os profissionais de saúde, quer o conselho de administração do CHO têm sido capazes de fazer para que o serviço de urgência nunca tenha deixado de funcionar e assim garantir a resposta que tem que ser dada a todas e a todos os que o procuram”.

(Artigo atualizado às 19h51 com as posições dos deputados do PS e do PSD eleitos pelo círculo de Leiria)

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