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Cultura

Fazunchar: Da grande parede ao pequeno detalhe há festa com flores em Figueiró dos Vinhos

Dos grandes murais às pequenas (mas surpreendentes) pinturas, há muitas obras de arte para ver nas ruas de Figueiró dos Vinhos, que “floriram” para a edição deste ano. O festival acontece até 21 de agosto.

Slim Safont traz de Barcelona até uma parede de Figueiró dos Vinhos a abordagem neo-impressionista da pintura mural Miguel Oliveira

Há flores espalhadas pela vila, acompanhando artistas e murais – os que estão a nascer e os que decoram Figueiró dos Vinhos desde 2018. Por estes dias Fazunchar cumpre o propósito de fazer a festa no concelho do norte do distrito.

Até domingo há muito a acontecer: visitas guiadas, conversas com artistas, concertos, exposições, tudo enquadrado pelas cores da Vila Florida, o mote comunitário dado para este ano, recuperando uma antiga tradição local: decorar as ruas com flores de papel. A fechar, outra tradição que se aviva: o piquenique comunitário, ao almoço de domingo, no Jardim do Parque Municipal.

Até lá, esta quinta-feira à noite há conversa com os artistas participantes, um momento de troca de opiniões e experiências entre quem cria e quem aprecia, no belo Jardim do Casulo de Malhoa.

Por Figueiró estão a pintar Juan Rivas, Albe Fabre Sacristán, Lourenço Providência, Slim Safont, Taquen, Arashida e Tiago Hesp. Mariana, a miserável já colocou junto a uma padaria da vila o painel de azulejos de homenagem ao pão.

Mapa das intervenções deste ano e das edições anteriores

O trabalho de Juan Rivas promete dar que falar: o espanhol pinta com giz, lápis de cor, marcadores ou tinta acrílica paisagens em suportes inusitados como sinalética, postes ou candeiros, captando a luz do momento e convidando o espectador a descobrir o ângulo ideal para enquadrar cada obra.

Slim Safont traz de Barcelona um olhar representativo de aspectos sociais que considera significativos, através de um prisma neo-impressionista, que aplica à arte urbana.

E numa das entradas da vila está outra artista de Barcelona, Alba Fabre Sacristán, cujo trabalho se situa próximo do impressionismo – e de facto não deixa ninguém indiferente, pelo propósito com que aborda a estrutura, a forma e a cor.

Há outro espanhol por Figueiró, Taquen, mais especificamente a pintar na Foz do Alge. A sua obra, figurativa e de carácter minimalista, que faz uso da linha como elemento principal, sempre acompanhada de uma paleta de cores predominantemente quentes e tons pastéis. Dessa forma, explica a equipa do Fazunchar, Taquen reflecte a sua própria experiência dentro do meio natural, onde mistura elementos naturais e humanos para falar metaforicamente sobre as nossas relações, os nossos sentimentos e os nossos instintos.

Lourenço Providência também anda pelas freguesias, concretamente em Campelo, onde deixará a sua marca de simplicidade inspirada em momentos, pessoas e objetos que o rodeiam.

Aguda está a ganhar novas cores com “A uva e a vinha”, a proposta com que Tiago Hesp ganhou a “open call” lançada este ano pelo Fazunchar, que escolheu o artista português entre várias candidaturas à participação na edição deste ano.

Ainda em criação está também Arashida. A artista visual brasileira está a desenvolver na Casa da Cultura três trabalhos para levar até ao centro histórico num formato distinto da pintura mural. Arashida é influenciada pelas raízes de outras terras, cruzando-as com as suas próprias, num tempo real ou imaginado.

Pelos territórios físicos, humanos e imateriais do festival andam Silly, João Pedro Vala, Miguel Oliveira e Mariana Vasconcelos a desenvolver residências artísticas nas áreas da música, literatura, fotografia e vídeo, respetivamente.

A quarta edição de Fazunchar começou no dia 13 e decorre até 21 de agosto. Mais informações em www.facebook.com/fazunchar.

Marta Brás: “Festival superou todas as nossas melhores expetativas”

Quatro anos passados sobre a primeira edição de Fazunchar, a vereadora da Cultura de Figueiró dos Vinhos tem a certeza: a aposta está ganha.

Criar um festival de artes sustentado na pintura mural num concelho como Figueiró não foi fácil, assume Marta Brás. “Ninguém sabia muito bem o que iria acontecer – se calhar nem nós, porque quando pensámos na ideia desconhecíamos como iria criar um corpo”. No primeiro ano houve resistências e apreensão entre a população, admite.

“Mas quando as pessoas perceberam qual era a intenção do festival, com o reavivar de memórias, recordando José Malhoa e Henrique Pinto, mas lançando novas perspetivas e formas de ver, num festival inovador e com novas formas de arte, sem nunca esquecer o que nos caracteriza, o projeto evoluiu e as pessoas foram-se envolvendo”, recorda a vereadora.

Hoje, Marta Brás não tem dúvidas: “O festival superou todas as nossas melhores expetativas. Tem um cariz contemporâneo, é inovador, tem um envolvimento grande das associações e das pessoas. Isso é muito importante, porque quando queremos cativar alguém de fora, é preciso que quem aqui vive se identifique e se envolva”.

Quatro anos depois, Fazunchar tem um acolhimento totalmente diferente em Figueiró dos Vinhos.

“Hoje temos pessoas muito orgulhosas porque têm um mural na parede, porque participaram no piquenique comunitário ou porque estiveram a acompanhar os artistas a trabalhar, a quem até levaram uma bebida e um petisco”.

A par disso, o concelho entrou no mapa da arte pública e dos festivais de verão. “Toda a visibilidade que o festival adquiriu é bastante positiva. Até em termos internacionais, porque foi reconhecido com um prémio”.

Importante também é o lastro que Fazunchar deixa, com um roteiro de arte urbana procurado ao longo de todo o ano. “Temos flyers, está no site, e qualquer pessoa que venha a Figueiró facilmente consegue fazer o percurso e ver tudo o que está implementado desde a primeira edição até agora”. Isso reflete-se em muitas visitas após o festival. “As pessoas vêm ao nosso Posto de Turismo e perguntam pelas pinturas. É uma rota que fica e que traz muita gente que quer ver o que ficou do Fazunchar”, salienta a vereadora.


Programa

18 de agosto
Conversa com artistas no Jardim do Casulo (21h30)

19 de agosto
Workshop de pintura/ilustração sobre azulejo, por Mariana, a miserável, no Museu e Centro de Artes (14h30). Volta dos Vinhos (16h) por Figueiró dos Vinhos. Visita guiada pelas pinturas na vila (17h45). Silly apresenta em concerto residência artística musical na Casa da Cultura (21h30)

20 de agosto
Rota dos Fregueses por Campelo, Bairradas, Arega, Aguda e Almofala (9h30-16h30), em autocarro. Workshop de pintura/ilustração sobre azulejo, por Mariana, a miserável, no Museu e Centro de Artes (14h30). Visita guiada pelas pinturas na vila (17h45). :Papercutz+Ensemble em concerto na Casa da Cultura (21h30)

21 de agosto
Piquenique Comunitário no Jardim do Parque Municipal (12h30). No mesmo espaço há workshop Arranjos Florais, por Flórida Studio (15h30). Visita guiada pelas pinturas na vila (17h45)

Mapa (2018-2021)

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