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Críticas ao Santuário poderiam ter ido mais além

O ex-reitor Luciano Guerra lamentou a gestão do Santuário de Fátima, que considera estar a afastar-se da sua missão primordial, afirmando que “se impõe um enorme esforço de purificação”.

O ‘Altar do Mundo’ é o principal polo de turismo religioso do país Daniela Faria

O conteúdo da entrevista de monsenhor Luciano Guerra, reitor do Santuário de Fátima durante 35 anos, divulgada na semana passada, “surpreendeu” o meio eclesiástico da região “mais pela forma do que pelo conteúdo”, havendo até quem entenda que poderia ter ido mais além nas críticas à gestão do Santuário.

Na entrevista, Luciano Guerra lamenta que a “intelectualidade esteja a sobrepor-se à dedicação aos pobres” e a chamada gestão empresarial, pois “um padre não pode, de maneira nenhuma, comparar-se a um administrador de uma empresa”. “Impõe-se um enorme esforço de purificação do Santuário, no sentido de o fazer voltar-se para o público de peregrinos”, referiu nas declarações ao Jornal de Leiria.

Em resposta, o Santuário de Fátima considera que o ex-reitor revela “alheamento” e um “profundo desconhecimento” da realidade do Santuário, garantindo que “não procedeu ao despedimento de trabalhadores e nunca esteve em causa o cumprimento de obrigações financeiras”. A Diocese de Leiria-Fátima referiu que “não iria acrescentar mais nada” ao comunicado do Santuário.

No seio da Diocese de Leiria-Fátima, religiosos contactados esta semana pelo REGIÃO DE LEIRIA, mostraram-se mais “surpreendidos” por alguém da Igreja “dar a cara” pelas denúncias, do que pelo seu conteúdo, conhecido sobretudo desde 2020.

A entrevista “até é bastante suave e contida nalguns aspetos” referiu uma das fontes, adiantando que “havia muito mais a dizer”, mas escusando-se a fazê-lo. Quem entrou a seguir a Luciano Guerra, que saiu e 2008, “não continuou” a gerir com o igual rigor, “houve excessos, como na contratação de pessoal sem necessidade e as dificuldades económicas apareceram”.

“Não me surpreendeu a entrevista, nem o teor do comunicado”, referiu outro elemento da Diocese de Leiria-Fátima, adiantando: “Há uma coisa ou outra da entrevista que também ponho em causa, mas cada um faz a sua leitura, não estará tudo 100% correto. Mas é uma opinião de uma pessoa, que devemos respeitar, ainda por cima sendo quem é. Não deu aquelas respostas de ânimo leve”.

Já a resposta do Santuário de Fátima “não diz nada, só quer chamar velhote ao homem e afirmar que já não sabe aquilo que está a dizer. Mas sabe, claro que sabe”, salienta.

Um outro padre contactado pelo REGIÃO DE LEIRIA adiantou que existe “preocupação” em relação ao conteúdo da entrevista, porque “envolve a diocese e os seus membros, e assim sendo preocupa a todos”. Apesar disso, esta fonte também não se mostrou surpreendida com as declarações de Luciano Guerra.

Há também elementos do clero que defendem a posição do Santuário de Fátima, considerando que o antigo reitor “cristalizou” no tempo, não percebeu que os peregrinos de hoje são diferentes e a “profissionalização dos serviços é importante, precisamente para poder cumprir melhor a sua missão”.

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