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Cultura

Ligação entre mantas alentejanas e Mira de Aire explorada no Museu do Têxtil, em Porto de Mós

Este sábado, dia 16, é apresentado o livro ” Mantas Alentejanas – Perpetuar o saber fazer”.

A ligação entre Mira de Aire, no concelho de Porto de Mós, distrito de Leiria, e a produção das mantas alentejanas vai ser explorada no sábado, no Museu Industrial e Artesanal do Têxtil (MIAT).

No museu de Mira de Aire, que recebe a apresentação do livro “Mantas Alentejanas – Perpetuar o saber fazer”, da investigadora Alexandra Marques, da empresária têxtil Mizette Nielsen e da investigadora e artista têxtil Guida Fonseca, será abordada a relação entre a produção de fio e as peças tradicionais alentejanas, antecipa o diretor do MIAT.

“Nos tempos em que a fábrica Vitória existia [em Mira de Aire], fornecia fio para a fábrica de mantas de Reguengos de Monsaraz, há 30 anos, mais ou menos”, explicou à agência Lusa José Paulo Batista, bisneto dos fundadores da Tapetes Vitória – encerrada em 2010 – e ele próprio fundador do MIAT em 2020, nas instalações que serviram de berçário/creche da unidade fabril mirense.

Uma das autoras do livro “Mantas Alentejanas – Perpetuar o saber fazer”, Mizette Nielsen, liderou durante várias décadas a Fábrica Alentejana de Lanifícios, em Reguengos de Monsaraz, e foi uma das clientes do fio feito em Mira de Aire.

“O livro fala das mantas que eram feitas no Alentejo, principalmente em Monsaraz e em Mértola” e, avança o diretor do MIAT, o momento de apresentação no sábado será ocasião para deixar um convite às investigadoras. 

“Vou lançar-lhes o desafio para fazerem também um levantamento sobre as mantas de Minde e de Mira de Aire”.

Há cerca de um ano, a tentativa de registo no Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI) dos desenhos e padrões de tecidos têxteis utilizados em mantas alentejanas por uma empresa têxtil com sede em Mira de Aire, levou a Direção Regional de Cultura do Alentejo (DRCAlen) a apresentar um pedido de contestação no INPI. 

A têxtil alegava ter inventado 12 desenhos de padrões de tecidos de mantas, ao que a DRCAlen replicou, alegando que “os padrões em causa correspondem aos utilizados nas chamadas Mantas do Alentejo, produzidas, desde tempos imemoriais, em zonas do interior do Baixo Alentejo e Alentejo Central, nomeadamente em Mértola e Reguengos de Monsaraz”.

Apesar de haver tradição na produção de mantas tradicionais em Mira de Aire, e também na vizinha Minde, do concelho de Alcanena, no distrito de Santarém, para José Paulo Batista, a discussão sobre a origem dos padrões tem pouco sentido.

“Existem várias teorias sobre os desenhos, mas se nós formos ver os desenhos que há na Guatemala, em Marrocos, no México e no Irão, os padrões são todos mais ou menos semelhantes. Agora estar a dizer que isto é exclusivo… Para mim, isso não faz muito sentido, porque são padrões muito simples, isto não requer grande técnica e anda tudo mais ou menos à volta do mesmo”, argumentou o colecionador e investigador.

O livro “Mantas Alentejanas – Perpetuar o saber fazer” é apresentado em Mira de Aire no dia 16 de dezembro, às 17 horas, com a presença das autoras e demonstração de tecelagem em pequenos teares.

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