O uso do inseto Trichilogaster acaciaelongifoliae no Pinhal de Leiria para ajudar no combate às acácias, é seguro. Os estudos comprovam que o “agente australiano” que atua em vários pontos da Península Ibérica e que, em finais de 2015, chegou a São Pedro de Moel e várias partes do Litoral Centro, é seguro.
As acácias são plantas invasoras no nosso país. Tal como a acácia, o inseto que as combate é originário da Austrália. Foi introduzido em Portugal e no concelho da Marinha Grande, com espécimes provenientes da África do Sul, país onde processo similar já estava em curso e estudado há décadas.
O inseto origina uma “galha” nos tecidos onde se forma a flor. Sem flores, não há fruto e sem fruto não há semente, explicou ao REGIÃO DE LEIRIA, em 2023, Francisco López-Núnez, investigador que estudou o impacto do agente de controlo biológico sobre as comunidades de plantas nativas do litoral português. A acácia não tem capacidade de se reproduzir e é travada a sua ação invasora.
A introdução do inseto na região foi antecedida de vários estudos, mas agora chegou a confirmação sobre o seu impacto, graças a um estudo liderado pela Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra que confirma a segurança ecológica deste que é o primeiro agente de controlo biológico introduzido em Portugal continental para combater a planta invasora acácia-de-espigas (Acacia longifolia).
Este trabalho, liderado por Francisco López-Núnez, investigador do Centro de Ecologia Funcional (CFE) da FCTUC, foi publicado, em fevereiro, na revista Restoration Ecology. “Após extensivos testes de especificidade, este agente de controlo biológico foi selecionado e libertado em 2015 em vários locais do litoral português”, explica Francisco López-Núñez.
O Pinhal de Leiria foi um dos locais onde expandiu a sua ação. O estudo incluiu a análise e identificação de 154 espécies de plantas, cerca de 45 mil galhas e 11 mil insetos no Litoral Centro de Portugal, além da construção e análise de redes tróficas complexas entre plantas, galhas e parasitoides.
Os resultados, tornados públicos no final de abril pela Universidade de Coimbra, mostram que, quando devidamente planeado e monitorizado, o controlo biológico pode ser uma estratégia segura e eficaz para ajudar a restaurar ecossistemas invadidos, com impacte mínimo sobre a biodiversidade.
“A ausência de efeitos não desejados sobre outras plantas e insetos nativos é um sinal muito promissor”, refere Francisco López-Núnez, confiante na sua importância para “aumentar a confiança no uso sustentável do controlo biológico na conservação da natureza”.