É um agente australiano radicado há uma década em São Pedro de Moel e noutros pontos do litoral Centro. E tem uma missão: controlar a proliferação das acácias no Pinhal de Leiria e não só. Um recente artigo científico deixa claro: a estratégia de apostar neste agente — que, na verdade, é um inseto — é ganhadora.
Trichilogaster acaciaelongifoliae é o nome científico do inseto introduzido na zona do Pinhal
O inseto, originário da Austrália, chama-se Trichilogaster acaciaelongifoliae. Foi introduzido em vários pontos do país, incluindo São Pedro de Moel, há dez anos. Segundo uma nota da Universidade de Coimbra divulgada esta semana, “depois de vários testes e análises de risco, está a reduzir até 98%, em alguns locais, a produção anual de sementes desta planta invasora, demonstrando ser uma ferramenta eficaz, segura e sustentável para apoiar a recuperação dos ecossistemas dunares”.
O trabalho, desenvolvido por investigadores do Departamento de Ciências da Vida da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra e da Escola Superior Agrária de Coimbra e que, na nossa região também chegou à zona da Praia de Paredes da Vitória, confirmou o sucesso do controlo biológico da acácia-de-espigas (Acacia longifolia), uma das plantas invasoras mais problemáticas do litoral português. O artigo com os resultados integra a edição de novembro da revista científica Journal of Environmental Management.
“Os nossos resultados mostram que o controlo biológico está a funcionar. Cinco anos após o estabelecimento do agente, a produção de sementes apresenta uma redução muito significativa, de até 98%. Ao fim de nove anos, a produção de sementes praticamente desapareceu nas áreas onde o agente está estabelecido há mais tempo”, revela a primeira autora do estudo, Liliana Neto Duarte, investigadora leiriense do Centro de Ecologia Funcional e do Centro de Investigação de Recursos Naturais, Ambiente e Sociedade.

Os investigadores salientam igualmente que a ação do inseto chegou a provocar o enfraquecimento progressivo de algumas árvores e, em certos casos, a sua morte. Entre as ações complementares defendidas pelos investigadores estão o corte mecânico e a manutenção de árvores portadoras de galhas nas áreas de intervenção, de forma a assegurar a continuidade do controlo a longo prazo.
A produção deste artigo é apoiada por uma bolsa do projeto Climate Frontline, liderado pelo EJC, em parceria com a REVOLVE
vmp1970 disse:
E será que os investigadores também testaram de que se alimenta este inseto quando já não dispuser de sementes de acácia?…