Fátima e Francisco Antunes são os anfitriões dedicados deste restaurante de família que começou por ser uma taberna. A data de fundação do restaurante é 1979. Só com a mãe e as tias de Fátima surgiriam os primeiros petiscos. Serviam “o que havia ao redor, o sável do Zêzere e lampreia do Nabão, a fataça, no fundo os peixes do rio fritos” e o “tomate picadinho, pepino e broa”, uma “saladinha saloia” que ainda mantêm na ementa. Foi aos 14 anos, regressada da África do Sul, que Fátima não quis estudar e se dedicou à “lúria”, nome do restaurante e palavra que designa um “abrigo de coelhos”. O marido recorda os primeiros tempos, quando os clientes vinham para jogar chinquilho e traziam as cilercas, nome que, na zona, é atribuído aos cogumelos selvagens, e os assavam na brasa. Conta que começou a encomenda uns “queijinhos frescos a uma senhora da aldeia” para vender como merenda ao final da tarde. O grande salto no negócio acontece com o aparecimento das fábricas na região. Foi assim que Fátima diz “ter aprendido” porque passou a ter dezenas de pessoas todos os dias no restaurante a pedir pratos diferentes. Tornou-se a criadora da açorda de cilercas, que prepara com esmero com o magusto de carnes (cabrito, porco, vaca). Tem no cabrito no forno ou no churrasco, e nas postas fininhas de peixe do rio frito com açorda de ovas, pratos supremos. Regue tudo com vinhos da região, um capítulo que o filho do casal orienta. As fatias de Tomar e a delícia de noz são um zénite celestial para terminar a refeição nesta casa de família onde apetece ficar.
Fonte: Guia de Bem Comer 2024
