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Rosto de Francisco Rebelo dos Santos

Francisco Rebelo dos Santos

Diretor do REGIÃO DE LEIRIA

A caminho da extinção

Ano após ano, uma parte do território é já um deserto de gente, ocupado por uma floresta onde o eucalipto ganha terreno, com fogos florestais regulares.

O distrito de Leiria é um Portugal em escala reduzida, com o litoral rico e desenvolvido e todo um interior pobre, sem gente e com poucas empresas. No norte/interior do distrito, o envelhecimento da população conhece os níveis mais preocupantes da região, que chocam o país e fazem soar os alarmes dos estudiosos da demografia.

Nestes concelhos, em especial nos de menor dimensão, cresce a desertificação de aldeias e vilas; todos os dias o futuro é um horizonte mais longínquo. Cada município tem uma realidade própria, mas a preocupação abrange todos: Pombal, Ansião, Alvaiázere, Figueiró dos Vinhos, Castanheira de Pera e Pedrógão Grande.

Com poucas empresas e escassas saídas profissionais, a população ativa perde terreno para os reformados, o número de jovens é uma minoria, formando um retrato pintado de preocupações. Na maioria dos municípios do interior de Leiria, por cada 100 jovens há mais de 300 idosos, no caso mais dramático, em Castanheira de Pera, cada centena de jovens compara com 471 seniores.   

O trabalho dos autarcas é o espelho de um esforço notável, mas será sempre incapaz de contrariar uma tendência com décadas. As bonitas palavras do poder central são apenas intenções, sempre adiadas.

A coesão territorial está em perigo, as pequenas autarquias dificilmente têm massa crítica, os reduzidos incentivos não chegam a ser paliativos. Ano após ano, uma parte do território é já um deserto de gente, ocupado por uma floresta onde o eucalipto ganha terreno, com fogos florestais regulares.

Nesta edição olhamos para o norte do distrito de Leiria, à espera de respostas sempre adiadas. Sem uma vontade política plasmada em programas ambiciosos, em escassas décadas estes territórios serão apenas um registo histórico. Cada vez há menos tempo para fazer o que ainda não foi feito. É tempo de agir.