Podemos, hoje, ser mais rápidos, fazer e saber mais. Assim chegámos a 2012: mais “funcionais” e cheios de poder na ponta dos dedos!
Enquanto descemos a rua podemos, ao mesmo tempo, ler o jornal, marcar consultas, trabalhar e atualizar o perfil. Somos (ainda) homo sapiens (e sapiens) mas, a partir de fora, aumentaram-nos as “funcionalidades”.
Porém, ao mesmo tempo, enquanto descemos a rua, a cabeça vai “curva”, os passos vão cegos e os olhos sem amplitude. Logo, perdem-se as imagens e as pessoas que passam. Perde-se a cidade.
Não vamos querer que, para se lhe dar atenção, se enfie a cidade no telefone porque, isso, já está! Não vamos querer perder mais tempo em ganhar tempo porque, de certeza, vamos perder muito mais do que ganhar.
//= generate_google_analytics_campaign_link("leitores_frequentes_24m") ?>E, sobretudo, não vamos querer que as cidades se adaptem a dispositivos mas, eventualmente, às pessoas. Pessoas que, se trabalham mais, precisam de mais para serem felizes enquanto não trabalham.
De “regresso” a 2027 – já só faltam 15 anos! – quero querer que, também com a tecnologia, se possa fazer das cidades e do seu espaço público, áreas lúdicas coletivas como se de uma espécie de grande parque infantil, dos zero aos cem anos e adaptado ao futuro (e aberto, naturalmente!), se tratasse.
Quero acreditar que, ao virar da esquina, pode haver surpresas: um escorrega ao pé das escadas, uma livraria ou um quiosque sobre rodas.
(texto publicado na edição em papel de 30 de março de 2012)