Cada vez mais e em todos os domínios somos tentados (e obrigados) a inventar e recriar para, com isso, simplesmente, evoluir.
Veja-se: segundo a Organização Mundial da Propriedade Intelectual, em 2010, foram registados dois milhões de patentes, mais de 30% do que 10 anos antes. Em Portugal, no passado mês de junho, o INPI assinalou o pedido de registo da marca nacional número 500.000. O mesmo é dizer que a cada uma delas – e falamos só do universo das ideias registadas – correspondem 20 portugueses, um rácio que nos põe no ranking dos países mais criativos da Europa.
//= generate_google_analytics_campaign_link("leitores_frequentes_24m") ?>Mas… mesmo criativos? Quantas marcas nunca deram em nada? Ou quantas boas ideias se têm e não chegam a sair de “dentro”? E mais importante: ter uma boa nova ideia é mais fecundo que ver uma no que já existe? Nem sempre. E as cidades? Como organismos dinâmicos que são, podem ser marcas? Sim. E podem porque nelas está a virtude de terem o que as diferencia e distingue das demais. Mas, atenção, é preciso olho limpo e ideia clara. Não se queira sobrepor ideias em camadas para fazer das cidades um “mega-cocktail urbano a luzir e a apitar” – somos fashion e tradição, temos santos e night num centro muito histórico, temos cérebros, brisas, sardinhas, ossos famosos e coisas. E mais museus – porque, à força de se querer ter tudo, acabará por não se ser nada e fazer da cidade, cidade de marca nenhuma.
(texto publicado na edição em papel de 3 de agosto de 2012)