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Ansiolítico urbano: Feli(cidade) é…

Na relação direta que existe entre felicidade e desenvolvimento, que papel cumprem as cidades?

Ana Bonifácio, arquiteta urbanista ab@anabonifacio.com

Na relação direta que existe entre felicidade e desenvolvimento, que papel cumprem as cidades?

Um aplicativo lançado na conferência Rio+20, MyFunCity, permite determinar o nível de satisfação dos cidadãos em meio urbano (ainda só os do Brasil), através da avaliação que estes fazem a vários parâmetros (saúde, educação, transportes…) sobre a sua cidade ou rua.

Mas, índices e dispositivos à parte, diz uma canção desse povo ledo: «Felicidade é uma cidade pequenina (…)», onde já me estou a ver “entrar” quando saio de casa às 9 e sigo até um trabalho que não tem um sítio mas vários; onde, com outros, vejo, penso e desenho cidades de outros ainda; onde disputo ideias e ideais como se, eu própria, fosse cidadão da “cidade-cliente” com a esperança (ou pretensão) de lhe conceder… felicidade.

Lá para as 2, ao almoço, tenho canetas, agenda (sim, na cidade-sonho continuo com agenda), caderno, discussões inflamadas e mais amores de ofício. Continuo, a seguir, no mesmo, pelos multiescritórios difusos ou sobre uma mesa da praça central, com panaché e canetas, cheia de gente circulante a velocidades diferentes.

Nesta “cidade pequenina”, depois de umas 6 horas a multiplicar e dividir sobras de energia pelo resto da vida, vou deitar-me (quase por obrigação!) e, quando finalmente fecho os olhos (de tanto rebolarem por dentro), abro-os. E acordo. Afinal, ela existe.

(texto publicado na edição de 24 de agosto de 2012)