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Rosto de Francisco Rebelo dos Santos

Francisco Rebelo dos Santos

Diretor do REGIÃO DE LEIRIA

francisco.r.santos@regiaodeleiria.pt

Guerra e paz

No meio do medo e incerteza, há pessoas em todo o mundo que não esperam pela coragem dos dirigentes políticos, assumem o dever da solidariedade e o comportamento de cidadania.

Entre lágrimas e revolta, o mundo assiste em direto a um genocídio na Ucrânia, que traz à memória os piores crimes contra a humanidade. A Europa estremece de novo com a brutalidade da guerra; o conflito pode estender-se a uma escala global a qualquer momento.

Ataques a edifícios civis e populações indefesas são dois exemplos dos crimes de guerra que tomaram conta do teatro de operações. De um lado está um exército com um poderio ímpar, do outro militares com poucos meios, mas o empenhamento de muitos cidadãos comuns, unidos pelo sentido de liberdade e independência.

Apesar das sanções e das exigências dos mais destacados líderes do mundo, incluindo uma surpreendente e rara condenação da Assembleia-Geral das Nações Unidas, a invasão da Rússia à Ucrânia avança dia e noite, com ataques indiscriminados que devastam áreas residenciais e equipamentos sociais.

No país dos girassóis, a política expansionista de Moscovo e a utilização de armas interditas por Declarações Internacionais arrasam vilas e cidades, deixando um país em ruínas, semeado de cadáveres e sangue de inocentes.

A legitimidade da força das ideias foi vencida em menos que nada pelos bombardeamentos de quem quer impor ideias à força. Passaram poucos dias, mas o balanço é brutal: há milhares de mortos e milhões de refugiados que procuram um porto seguro, são sobretudo mulheres e crianças, que deixaram nas trincheiras ucranianas os seus maridos e pais.

O mundo está pior e mais perigoso, não voltará a ser o mesmo. As consequências da nova ordem internacional vieram para ficar, trazem uma perigosa corrida às armas e uma escalada de preços que vai sentir-se em todas as geografias.

Como foi possível chegar aqui? A Europa e os Estados Unidos falharam em todas as medidas preventivas, iludidos por relações internacionais vergadas a negócios de ocasião. Importa agora saber o óbvio: as rotas de fornecimento de energia irão condicionar a ação política ou iremos entrar numa era em que os princípios conseguem conquistar a primazia no xadrez da geopolítica?

No meio do medo e incerteza, há pessoas em todo o mundo que não esperam pela coragem dos dirigentes políticos, assumem o dever da solidariedade e o comportamento de cidadania como arma a favor do futuro da humanidade.

Um girassol ou uma bandeira à janela não tem a força de uma arma, mas consegue mostrar ao mundo que é urgente parar a guerra.