A natureza fez das suas. Somos mínimos contra a sua força.
Não estava em Portugal e por isso vivi estes acontecimentos através de notícias. Não me lembro de ter visto tantas fotos de lugares que me são familiares destruídos. É bem provável que tenhamos feito uma viagem nostálgica estes dias, pelas nossas memórias ou por solidariedade com os outros.
No primeiro sábado do ano, em família, aceitámos o desafio da minha irmã e lá fomos para um piquenique na mata de S. Pedro (a ideia do piquenique ser só no verão é falsa). Aquilo a que chamam a “volta dos 7” é dos lugares mais bonitos onde já estive. Aquele arvoredo fechado e denso que não deixa passar raio de sol é incrível. Fomos de bicicleta, já não me lembrava daquela sensação de liberdade e vento na cara. Aquele ambiente com as pessoas de quem gosto foi o melhor primeiro sábado do ano que poderia ter tido.
Hoje vi fotos da mata – tudo destruído. Ainda tinha na memória a ideia de que “preciso de vir aqui mais vezes contemplar isto” e sou obrigado a reajustar-me à realidade. Os carvalhos e pinheiros que eu achava não poderem cair estão agora no chão. Onde não havia sol, tão depressa não haverá sombra.
Às vezes, em momentos “piquenique”, lembro-me que devíamos criar uma estratégia para nos lembrarmos de apreciar o belo, de nos rodearmos das pessoas de que gostamos e de dar valor às coisas que realmente são importantes.
//= generate_google_analytics_campaign_link("leitores_frequentes_24m") ?>Já ouviram um amigo dizer “devia trabalhar menos e estar mais tempo com a família, terminar a minha relação que não funciona, perder peso…” mas saberem que ele não o vai fazer? É o meu eterno fascínio, as pessoas dizerem uma coisa e fazerem outra.
Ainda bem que naquele sábado decidimos “hoje” e não adiámos ou ridicularizámos a ideia por ser inverno ou estar a chover. Ainda bem que o fizemos porque com aquele ambiente não volta a acontecer. E por isso, que este não seja um dos exemplos que dizemos e não fazemos. Vou optar pelo “hoje”, todos os dias.
“We forget the little things, so it’s no wonder some of us screw up the big things”, Neil Cavuto
(texto publicado a 24 de janeiro de 2013)